2023

Projeto Avançado I

Nome: Projeto Avançado I
Cód.: ARQ02538I
12 ECTS
Duração: 15 semanas/312 horas
Área Científica: Arquitectura

Língua(s) de lecionação: Português, Inglês, Italiano
Língua(s) de apoio tutorial: Português, Inglês, Italiano
Regime de Frequência: Presencial

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Objetivos de Aprendizagem

Esta unidade curricular tem com objectivo a formalização de um programa temático singular e complexo, dentro de um contexto físico e cultural bem marcado (e como tal muito condicionante). Prevê-se também que o aluno consolide durante o desenvolvimento do(s) exercício(s) de projecto o tema das qualidades espaciais da matéria no projecto de arquitectura, procurando integrar no seu processo conceptual, os conhecimentos sectoriais adquiridos, tanto em termos culturais como tecnológicos adquiridos no primeiro ciclo. Aprofunda-se a abordagem ao projecto integrado, dando particular relevância às qualidades espaciais da matéria que o constitui.


Será proposto como exercício a participação no concurso / Prémio Universidade Trienal de Arquitectura de Lisboa Millennium BCP partindo do pressuposto da possibilidade da arquitectura poder transformar intensionalmente e/ou poeticamente um lugar, como Sines. O desafio lançado será de intervir sem uma predefinição de programa funcional e/ou de uma implantação / lugar especifico de estudo.


Objectivos específicos:


1. Introduzir a questão da investigação avançada em arquitectura


2. Introduzir programas e/ou contextos com maior complexidade


3. Introduzir a capacidade de observação crítica e de análise construtiva


4. Introduzir a questão das qualidades espaciais da matéria


5. Introduzir a questão da tecnologia da construção


6. Desenvolver a reflexão teórica sobre o projecto e a capacidade de comunicação do projecto


 

Conteúdos Programáticos

Prevê-se que os alunos participem no Concurso/ Prémio Universidade Trienal de Arquitectura de Lisboa Millennium BCP (cujo desafio foi lançado a todas as Escolas de Arquitectura do país).


O TEMA do Concurso: SINES - NÚCLEO URBANO, INDÚSTRIA E ESTRUTURA PORTUÁRIA 


O conjunto industrial de Sines, que inclui porto de pesca e porto comercial, central termoeléctrica e refinaria, é um mote para debater o valor sociopolítico da indústria e a capacidade da Arquitectura para activar esse potencial latente. O exercício proposto passa por integrar o aproveitamento de recursos existentes, o potencial programático do lugar, e as relações e contextos que superam a escala do próprio território e tempo imediatos, permitindo demonstrar a capacidade transformadora da arquitectura. Como é que a arquitectura pode intervir na mecânica produtiva das infra-estruturas logísticas? Como, num contexto dominado por infra-estruturas de grande porte, se pode pensar em usos partilhados e nos espaços de fronteira entre cidade e linha de costa? Como enfrentar, ocupar e transformar espaços administrados por critérios estritamente funcionais, condicionados por razões de segurança e administrados por princípios de máxima rentabilidade? Pretende-se uma reflexão fundada no rigor, estimulada pela incerteza e enquadrada num futuro que abarque cenários múltiplos e, porque não, extremos. Sines é um lugar revelador de imaginários paradoxais: por um lado, o aparato industrial constitui uma limitação a novas formas de ocupação ou funções; por outro, abre um enorme potencial de intervenção. Essa condição abre espaço para uma acção crítica através do projecto de arquitectura que permita a definição de novos programas, a incorporação e reconfiguração do(s) tempo(s) de uso do lugar, a consideração da resiliência dos programas e espaços de produção e da complementaridade entre as funções do habitar e do produzir. A amplitude do lugar, a selecção de temas e a abertura programática são pontos de partida comuns, cabendo a, cada escola, conjunto de docentes e alunos, desenvolver e aprofundar o problema em direcções consentâneas com a sua própria cultura de projecto.


LUGAR


PORTO INDUSTRIAL E LOGÍSTICO (APS)


Sines constituiu opção para a construção de um grande porto industrial por reunir condições fundamentais, como um porto de águas profundas com condições bati- métricas de costa – para ancoragem e transhipment – e plataforma territorial – interland – capaz de receber toda a cadeia de indústrias decorrentes da sua actividade. A APS - Administração dos Portos de Sines e Algarve SA é parceiro e concorrente dos Portos de Valência, Algeciras e Tânger/Med, no trânsito de cargueiros que navegam no Mediterrâneo e Atlântico. O terminal de contentores (em expansão) e o porto de graneis líquidos, com 5 terminais de grande porte (com possível expansão até 10), são os principais motores desta indústria, uma complementaridade que apresenta condições óptimas de flexibilidade ope- racional para um conjunto alargado de empresas logísticas. O espaço físico do porto agrega um conjunto de concessões e licenças de um grande número de empresas de diversas nacionalidades. Os seus limites percorrem e conformam a linha de costa, expandem-se por 12 milhas no interior do mar e incorporam, no interland, alguns espaços complementares fora da sua vedação, como é o caso da exploração da pedreira.


GALP ENERGIA - REFINARIA SINES


É alimentada de matéria-prima, o crude, através do porto, e concentra uma série de processos de refinação que resultam num conjunto de produtos que se distribuem pelo território nacional. Essa distribuição é assegurada através de um pipeline directo para a plataforma logística de Aveiras e outra rede de pipelines de comunicação com o porto, para expedição marítima. A eficiência energética, a extracção de subprodutos e a qualidade ambiental e de segurança, constituem os actuais esforços desta indústria.


CENTRAL TERMOELÉCTRICA DE SINES - EDP


A implantação desta unidade industrial junto à costa serve o propósito de refrigeração, recurso fundamental no processo de produção de energia, que se compõe de aquecimentos e arrefecimentos constantes, na cadeia de transformação e produção de energia. Após 30 anos em produção, o conjunto desta infra-estrutura encontra-se em fim de vida técnica. É possível que o seu funcionamento seja prolongado por mais alguns anos, mas a sua desactivação será consumada num futuro próximo.


SINES: NÚCLEO URBANO


A evolução da cidade consolidou a relação marítima do grande planalto de assenta- mento com o limite escarpado no contacto com a linha de costa. Na marginal concentram-se o porto náutico de recreio, o porto de pesca e a praia da cidade, episódios de uma extensa frente de contacto com o grande porto industrial de Sines.


Entre cada uma destas grandes estruturas existem um conjunto de espaços de ligação destinados a infra-estruturas de distribuição de gases, líquidos e gasosos, matérias-primas e matérias transformadas que se efectuam através de redes viárias, ferroviárias e condutas ocultas ou a céu aberto. Estas ligações produzem espaços disponíveis para acolher outras funções ou características. São espaços que evidenciam as relações de dependência entre os distintos lugares, processos de produção e logística que, devendo ser entendidos e salvaguardados, abrem espaço para especulação.


O desafio desta reflexão resume-se na complementaridade de produção das diferentes estruturas, a compatibilização e a partilha de novos programas, a transformação de espaços e a apropriação de terrenos expectantes. O fundamento das soluções arquitectónicas propostas deve de alguma forma enquadrar-se num projecto estratégico capaz de definir em simultâneo, uma ideia de processo e um compromisso formal com o lugar, definindo programa e escala de intervenção.


O lugar para a intervenção deverá ser encontrado nos espaços de contacto entre a cidade e as diversas áreas do porto. A frente de praia, a lota e clube náutico, o espaço da antiga lota e fundeadouro de barcos de pesca, o espaço em torno dos limites da pedreira, a central termoeléctrica em frente à praia de São Torpes, são espaços e programas que se encontram entre as estruturas existentes e a linha de costa, com grande potencial de transformação. Estes espaços podem vir a estabelecer outras possibilidades de relação com espaços de investigação e turismo dentro das 12 milhas náuticas disponíveis ao largo da costa e olhares específicos até hoje não considerados.

Métodos de Ensino

As aulas serão dadas em regime de ensino prático e laboratorial, num total de 12 horas de contacto semanal, a que se somam 6 horas de acompanhamento tutorial.


Os conteúdos programáticos serão introduzidos pelo docente através de aulas com apoio audiovisual, conferências, visitas de estudo e acompanhamento individual ou em grupo dos trabalhos. Os exercícios serão desenvolvidos sobretudo nas aulas, sob a orientação do professor.


A metodologia de ensino enquadra e potencia os objetivos da unidade curricular:


1. Pelo acompanhamento personalizado e tutorial, através da experiência e da comprovação, num contexto de prática laboratorial (atelier) estimulando a capacidade crítica e analítica de cada estudante;


2. Pelo incentivo da transversalidade com as matérias lecionadas nas outras unidades curriculares;


3. Pela utilização de apoio audiovisual, assistência a conferências e realização de visitas de estudo a casos de excelência no que diz respeito ao estabelecimento de estratégias projectuais claras e precisas;


4. Pelo regime da avaliação, que promove o trabalho contínuo e a consolidação dos conhecimentos, bem como o desenvolvimento de hábitos de investigação, condições essenciais para a inquietação crítica e para o enriquecimento da cultura arquitectónica do estudante.


 


O aluno trabalhador-estudante que deseje usufruir do seu estatuto, deverá informar o docente dessa condição até ao final da segunda semana de aulas. 

Avaliação

Trata-se de uma avaliação mista, em que a classificação final resultará da conjugação da classificação obtida ao longo do semestre em componentes práticas obrigatórias (avaliações intercalares e final) e da obtida numa apresentação final do projecto perante um júri (exame), realizado em época normal, recurso e especial.


A avaliação em exame de época normal, recurso e época especial está dependente da aprovação na componente prática obrigatória, pelo que os alunos que não obtiverem avaliação positiva nesta componente não poderão participar na avaliação final (exame de época normal, exame de recurso ou exame de época especial).


Salienta-se que os alunos trabalhadores-estudantes deverão igualmente obter uma classificação positiva na componente prática obrigatória para que se possam apresentar a exame.


A avaliação em exame na época normal, recurso e época especial, à exceção da dos alunos trabalhadores-estudantes, está igualmente dependente da assistência a uma percentagem mínima de sessões presenciais que não deverá ser inferior a 75%. Caso esta assistência mínima não seja garantida, o aluno reprova imediatamente, sem que se possa apresentar ao exame. As justificações de falta deverão ser entregues ao docente da unidade curricular no prazo de cinco dias úteis consecutivos à falta. Consideram-se faltas justificadas as causadas por: doença, internamento ou realização de tratamento ambulatório que não se possa realizar fora do período letivo; maternidade; participação em atividades associativas, nos termos da lei; preparação ou participação em provas desportivas de alta competição; falecimento de parentes de acordo com a legislação em vigor; cumprimentos de obrigações legais; outras situações legais e/ou validadas pelo docente.


 


O aluno poderá realizar melhoria de nota no final do semestre seguinte aquele em que obteve a avaliação, de acordo com o regulamento da Universidade de Évora. 

Bibliografia

A bibliografia específica será fornecida com o enunciado do exercício e ao longo de semestre de acordo com o desenvolvimento dos trabalhos.


AALTO, Alvar, The architectural drawings of Alvar Aalto, 1917-39. New York, London : Garland Publishing, 1994.


ÁBALOS, Iñaki. La Buena Vida, editora GG, Barcelona, 2000


Arquitectura Popular em Portugal, AAP, 3ª edição, 1988


CAMPO Baeza, Alberto. A ideia construída, ed. Caleidoscópio, 2004


CARERI, Francesco: Walkscapes. O caminhar como prática estética, GG, 2013


HOLL, Steven. Anchoring, Princeton Architectural Press, USA, 1996


LE CORBUSIER. Conversa com os estudantes de arquitectura, Lisboa, Edições Cotovia, 2003


MATTOSO, José, DAVEAU, Suzanne, BELO, Duarte; Portugal, O Sabor da Terra - Um Retrato Histórico e Geográfico por Regiões. Lisboa, 2010


MONEO, Rafael. Inquietud Teorica e Estrategia Proyetual, ACTAR, Barcelona, 2004


MONTANER, Josep Maria. Después del Movimiento Moderno, Gustavo Gili, Barcelona, 1993


BRU, Eduard; MATEO, Josep luis. Arquitectura Europea Contemporanea, Gustavo Gili, Barcelona, 1987


GADANHO, Pedro; PEREIRA, Luis Tavares. Influx: arquitectura portuguesa recente, Livraria Civilização, 2003


NORBERG-S, Christian. Genius Loci, Towards a Phenomenology of Architecture. New York: Rizzoli, 1980.


RIBEIRO, Orlando. Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico. Lisboa: Livraria Sá da Costa editora, 1986


SIZA VIEIRA, Álvaro, Imaginar a evidência. Lisboa: Edições 70, 1998


TAINHA, Manuel. Textos de Arquitectura. Lisboa, Edições Caleidoscópio, 2006.


TÁVORA, Fernando, Da organização do espaço. Porto: FAUP publicações, 1996


ZUMTHOR, Peter: Atmospheres, Birkhäuser, 2006


ZUMTHOR, Peter: Thinking Architecture. Lars Muller Publishers, 1998 (versão espanhola: pensar a arquitectura GG, 2005)