Expo Estudante da Universidade de Évora promove reflexão sobre cultura, futuro e participação cívica

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A Associação Académica da Universidade de Évora promoveu no dia 17 de dezembro, no Anfiteatro 1 do Colégio Luís António Verney, a Expo Estudante, uma iniciativa de referência no apoio à orientação académica e profissional dos jovens, reunindo num só espaço instituições de ensino, entidades formativas e diversas oportunidades de futuro. 

A primeira sessão, subordinada à reflexão sobre “Évora Capital Europeia da Cultura 2027”, contou com a participação de Carlos Zorrinho, Presidente da Câmara Municipal de Évora, Ana Telles, Vice-Reitora para a Cultura e Comunidade da Universidade de Évora, e Maria do Céu Ramos, Presidente da Comissão Executiva de Évora 2027, que partilharam diferentes perspetivas sobre o papel da cultura enquanto motor de transformação social, económica e territorial.

Na sua intervenção, Maria do Céu Ramos destacou o potencial estratégico do projeto, sublinhando que “Évora 2027 tem um referencial extraordinário, o livro de candidatura, um potencial incrível e uma cidade com latitude para incluir projetos inovadores, mas com um grande adversário: o tempo”. Ainda assim, reforçou que este é um desafio assumido “com clareza e ânimo”, defendendo a necessidade de uma maior participação da comunidade, em particular dos jovens, por se tratar de “uma oportunidade única para transformar a cidade de Évora com uma visão coletiva”.

Relativamente ao legado do projeto, Maria do Céu Ramos salientou a importância do património imaterial, destacando a criação da Orquestra Regional do Alentejo, bem como investimentos estruturantes, como a reabilitação do Museu do Artesanato e do Design para acolher o Welcome Center de Évora Capital Europeia da Cultura, que funcionará também como sede do Turismo do Alentejo, e a transformação do Convento de São José da Esperança (Convento Novo) num hub de cultura e educação, pensado como espaço vivo, dinâmico e com futuro.

Por sua vez, Ana Telles sublinhou a capacidade agregadora do projeto, afirmando que “Évora 2027 tem a vantagem de conseguir envolver todos os setores da sociedade e as diversas áreas do conhecimento”, expressando o desejo de que este envolvimento seja amplificado pelo “poder transformador da cultura”. Para a Vice-Reitora, trata-se de um projeto que ultrapassa a escala local, referindo que "não é só para Évora, é para toda a região do Alentejo”.

Ana Telles reforçou ainda a importância da cultura na criação de laços comunitários e na motivação das populações, defendendo que um dos principais legados deverá ser “a melhoria da capacidade de atrair e reter talento jovem na região”. Destacou igualmente o papel histórico da Universidade de Évora na descentralização cultural no sul do país, manifestando a vontade da instituição em estar associada a este novo ciclo, nomeadamente através da criação de um hub cultural, que representa simultaneamente um legado edificado e imaterial.

Encerrando o painel, Carlos Zorrinho, Presidente da Câmara Municipal de Évora, centrou a sua reflexão no conceito de “vagar” como eixo diferenciador do projeto. Segundo o autarca, este é um conceito agregador e transformador, essencial para compreender a identidade singular de Évora, “onde se entrelaçam as culturas mediterrânicas e atlânticas”. Para Carlos Zorrinho, a consciência do tempo e da sua fruição é fundamental para promover uma visão positiva do multiculturalismo, enquanto elemento de complementaridade.

O Presidente da Câmara sublinhou ainda que a cultura deve transbordar para os ecossistemas social, económico e político, alertando para a necessidade de criar plataformas e redes consistentes numa região “rica, mas pouco ligada”. Defendeu que o legado de Évora 2027 — ao nível das competências, das redes, da requalificação de edifícios e do património imaterial — deve ser sustentável no tempo, garantindo que “Évora será sempre uma cidade que foi Capital Europeia da Cultura”.

O evento integrou ainda um vasto programa formativo e de debate, dirigido sobretudo aos estudantes, com sessões sobre negociação salarial na área tecnológica, criação de currículos com recurso à inteligência artificial, liberdade e ensino superior, bem como um debate interpartidário sobre o papel das universidades na democracia. 

Mais do que uma feira, a Expo Estudante constitui um ponto de encontro entre informação, decisão e descoberta, permitindo aos estudantes esclarecer dúvidas, explorar percursos possíveis e contactar diretamente com quem os pode ajudar a construir o seu caminho académico e profissional.

 

Publicado em 18.12.2025