2.ª sessão do ciclo Ciência na Biblioteca debate investigação em saúde na UÉVORA

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No dia 25 de novembro, a Biblioteca Pública de Évora (BPÉ) acolheu a segunda sessão do ciclo Ciência na Biblioteca, desta vez com foco na Investigação em Saúde na Universidade de Évora. O evento trouxe à comunidade académica e ao público em geral importantes reflexões sobre os desafios e inovações na investigação interdisciplinar em saúde.

A iniciativa contou com as intervenções de Manuel Lopes, docente do Departamento de Enfermagem da Universidade de Évora, bem como de Teresa Mestre, investigadora do Comprehensive Health Research Centre da Universidade de Évora (CHRC) e de António Lista, também docente do Departamento de Enfermagem da UÉVORA, que refletiram sobre os desafios e potencialidades de uma investigação que, por natureza, exige abordagens integradas e colaborativas. Partindo do conceito de Uma Só Saúde, que evidencia a interdependência entre a saúde humana, animal, vegetal e ambiental, os oradores sublinharam a importância de respostas sustentáveis e interdisciplinares para enfrentar problemas complexos e promover o bem-estar das populações.

No enquadramento desta visão, foi destacada a criação do Comprehensive Health Research Centre (CHRC), unidade de investigação da Universidade de Évora avaliada como Excelente pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. O CHRC, desenvolvido em parceria com outras instituições de referência, tem por missão produzir conhecimento científico com impacto efetivo na sociedade, articulando investigação clínica, saúde pública, inovação, educação e empreendedorismo. Neste mesmo compromisso institucional, a Universidade de Évora lançou o Doutoramento em Ciências e Tecnologias da Saúde e Bem-Estar, aberto a candidatos de diversas áreas e concebido para reforçar a formação avançada e a produção de conhecimento em saúde num quadro plenamente interdisciplinar.

No contexto deste ecossistema científico, a sessão incidiu particularmente na investigação dedicada ao autocuidado. António Lista, docente do Departamento de Enfermagem da UÉVORA, apresentou o trabalho que vem desenvolvendo sobre o perfil funcional de idosos com multimorbilidade e o modo como esse perfil condiciona a capacidade de autocuidado. O investigador destacou os resultados de um estudo realizado com 233 idosos em Portugal, no qual identificou um “paradoxo da escolaridade”: a depressão atua como mediadora entre o declínio funcional e a qualidade de vida apenas nos idosos com educação formal, um achado que reforça a urgência de modelos de cuidado diferenciados e ajustados às vulnerabilidades específicas de cada grupo.

Por sua vez, Teresa Dionísio Mestre, investigadora do CHRC-UÉVORA, expôs a investigação através da qual desenvolveu e validou o conceito de autocuidado familiar em famílias com crianças com perturbação do desenvolvimento intelectual. Baseando-se numa abordagem metodológica mista e na análise de 44 famílias do Baixo Alentejo, demonstrou que o autocuidado se estrutura como um processo coletivo, dinâmico e multidimensional, integrando domínios físicos, cognitivos, psicossociais e comportamentais. Os resultados evidenciam que as famílias assumem um papel ativo na promoção da saúde e do bem-estar, sendo fundamental que políticas e práticas públicas reforcem a sua capacidade de cuidar e a sua resiliência.

Ao longo da sessão, também Manuel Lopes, docente do Departamento de Enfermagem da Universidade de Évora que tem desenvolvido um percurso notável como académico, investigador e defensor da saúde centrada na pessoa, deu os seus contributos sobre a importância da investigação em saúde não ser um ato solitário, mas sim um processo que requer diálogo contínuo entre disciplinas, instituições e comunidades. Recorde-se que como investigador, Manuel Lopes tem estado fortemente ligado a projetos sobre literacia em saúde, envelhecimento e promoção da autonomia.

O ciclo “Ciência na Biblioteca”, uma iniciativa de divulgação científica que pretende aproximar a comunidade local da investigação académica da Universidade de Évora, procura, através de sessões mensais em linguagem acessível, dar voz a projetos de investigação diversos, valorizando o impacto social da produção científica na região do Alentejo e reforçando a aproximação entre ciência e sociedade, valorizando a partilha de conhecimento e a reflexão crítica sobre temas de relevância pública.

 

Publicado em 27.11.2025