Conferência na Universidade de Évora reflete sobre o papel das mulheres nas independências

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A Universidade de Évora realiza hoje (25 setembro) e amanhã a conferência “Das lutas anticoloniais às lutas do quotidiano: lugares das mulheres nos 50 anos das independências”, dedicada à reflexão sobre o papel das mulheres nas lutas de libertação e na construção da cidadania em Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal.

Na sessão de abertura, a Vice-reitora para a Comunicação e Promoção Institucional, Noémi Marujo, em representação da Reitora da Universidade de Évora, destacou a importância da iniciativa, sublinhando que “as universidades têm a responsabilidade não apenas de produzir conhecimento, mas também de questionar os silêncios da história. Ao trazer para o centro do debate a memória e a experiência das mulheres nestes processos, as Universidades e os Centros de Investigação cumprem a sua missão de abrir — ou continuar a abrir — caminhos para uma compreensão mais justa e completa do passado, mas também para nos ajudar a pensar o presente e a projetar o futuro”.

Segundo a responsável, a conferência vem resgatar o contributo das mulheres que, durante muito tempo, foi relegado para segundo plano nas narrativas oficiais. “A história das independências não se escreve apenas a partir dos grandes nomes, mas também das muitas mulheres anónimas que, com coragem e determinação, participaram na luta contra o colonialismo e continuaram a lutar pela igualdade de direitos”, afirmou Noémi Marujo

Para Noémi Marujo, é essencial interrogar, cinquenta anos depois, “não só os avanços alcançados, mas também os obstáculos persistentes”. “Às vésperas das eleições no próximo dia 12 de outubro, é oportuno recordar que um dos marcos mais significativos da luta quotidiana pela cidadania foi a conquista do direito de voto pelas mulheres portuguesas. Este direito fundamental foi alcançado graças à persistência daquelas que não se conformaram com a exclusão e que reivindicaram a sua voz no espaço público. Recordar este momento ajuda-nos a perceber que a história da igualdade é feita de etapas, de avanços, mas também de resistências que importa continuar a enfrentar”, disse.

Segundo a Vice-Reitora a conferência, que se realiza na Universidade Évora e que reúne excelentes oradoras, “tem uma dupla importância: resgata memórias que não podem permanecer esquecidas e desafia-nos a refletir criticamente sobre o caminho que ainda falta percorrer para uma participação plena das mulheres na vida pública”. 

Publicado em 25.09.2025