Da multimorbilidade à integração de cuidados: Como o Alentejo e Portugal podem crescer

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Esta terça-feira, dia 16 de setembro, a Universidade de Évora recebeu a sessão pública "Transformar o sistema para cuidar de todos: Da multimorbilidade à integração de cuidados" no Anfiteatro 131 do Colégio do Espírito Santo. Promovida pela Fundação para a Saúde (FSNS), no âmbito do Observatório SNS (OSNS), a sessão ofereceu um espaço de diálogo entre académicos, profissionais de saúde e a sociedade em geral sobre a melhoria e integração dos cuidados de saúde, enquadrado na discussão alargada sobre os eixos estratégicos de transformação do SNS.

 

Criado pela Lei Nº 56/79, de 15 de setembro, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) comemorou na véspera deste encontro, 46 anos.  E foi justamente neste contexto que se debateu a evolução do SNS, focando, concretamente, os cuidados de multimorbilidade, termo que define a presença de duas ou mais doenças crónicas e que se associa à diminuição da qualidade de vida dos pacientes.

A sessão contou com uma intervenção inicial de João Nabais, Vice-Reitor para as Infraestruturas e Políticas para a Vida na Undiversidade, seguida  de conferência proferida por Manuel Lopes, Professor da Escola Superior de Enfermagem São João de Deus (ESESJD), e um debate moderado por Hernâni Zão Oliveira, investigador da UÉvora. As conclusões ficaram a cargo de Ana Advinha, Professora da Escola de Saúde e desenvolviemnto Humano (ESDH).

Em entrevista à Divisão de Comunicação da UÉvora, Ana Adivinha, Prof. Associada do Departamento de Ciências Médicas e da Saúde, fez questão de referir como é que Portugal pode aprender com outros países sobre a melhoria da integração de cuidados de multimorbilidade. “Portugal não esta tão atrás como muitas das vezes nós poderemos pensar. (…) Foram dados alguns exemplos nesta sessão, em termos de algumas medidas de continuidade ou ferramentas que existem, do bom funcionamento dos cuidados de saúde primários, da existência de algumas estruturas que permitem caminhar no sentido de alguma descentralização nesta questão da organização e gestão em saúde que depois vai permitir esta verdadeira integração em cuidados”. A Diretora do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas aludiu a dois exemplos em particular: País Basco e Andaluzia, em Espanha: “O mais experiente e aquele que temos aqui mais próximo acaba por ser aqui logo ao lado, em Espanha. A organização administrativa é diferente, isso também nos permite constatar diferentes realidades. Ao nível do País Basco e da Andaluzia já existem estratégias e planos de resposta a esta questão da multimorbilidade e da integração de cuidados já com alguma maturidade.” 

Questionado sobre o que é preciso mudar para que o SNS cuide melhor de todos, Manuel Lopes começou por frisar que, no seu entendimento,  “o      SNS é provavelmente uma das melhores instituições que foi criada depois do 25 de abril. Só que      foi criada para dar resposta a uma realidade de saúde que já não existe     . Ou seja, o SNS tem que acompanhar      a mudança, tem que estar em mudança constante para acompanhar a nova realidade”.  Referindo-se à forma como a região Alentejo, em concreto, pode melhorar na área de integração de cuidados de multimorbilidade, o Professor acrescentou      “O Alentejo, tenho defendido isto, acho que era um ótimo local para fazer uma experiência. Porque é uma região grande em termos geográficos, mas não é uma região com uma densidade populacional muito elevada. Ao mesmo tempo, é uma região muito envelhecida. Portanto, tinha todas as condições para fazermos aqui algumas experiências, ao nível dos cuidados a pessoas mais velhas”.    

 

 

Publicado em 18.09.2025