Universidade de Évora acolhe encontro internacional sobre “Pessoas e Natureza: Investigação em Sustentabilidade”

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A Universidade de Évora (UÉvora) contou com mais de 240 participantes num encontro de alcance global que reuniu, durante cinco dias,  investigadores, estudantes e atores sociais de quatro continentes,  num verdadeiro espaço de diálogo intercultural e científico. O XXV Encontro da Rede de Estudos Ambientais de Países de Língua Portuguesa (REALP) e o I Encontro Internacional do Projeto de Consórcio ERASMUS AMIGO, subordinados ao tema “Pessoas e Natureza: Investigação em Sustentabilidade”, decorreu entre os dias 2 e 6 de setembro de 2025, no Auditório do Colégio do Espírito Santo, pretendendo reforçar o papel da ciência e da tecnologia na construção de soluções inovadoras e éticas para os desafios ambientais globais.

A Sessão de Abertura contou com a presença de Hermínia Vasconcelos Vilar, Reitora da Universidade de Évora, Isabel Viegas D’Abreu, Ministra da Educação, Cultura e Ciência de São Tomé e Príncipe, Gustavo Sobrinho Dgedge, Secretário de Estado da Terra e Ambiente de Moçambique, e de Manuela Morais, Presidente da Comissão Organizadora do REALP, coordenadora do Consórcio ERASMUS + AMIGO na Universidade de Évora e docente do Departamento de Biologia da UÉvora.

Na sua intervenção, a Reitora da Universidade de Évora sublinhou que “a Universidade de Évora tem assumido, de forma consistente, a investigação e a formação em sustentabilidade como eixos centrais da sua missão”, acrescentando que “este encontro representa a importância de mantermos laços e diálogos comuns entre as instituições que estão sediadas em países que falam português nas suas diversas expressões, diferentes perfis e formas, e assume maior importância neste contexto geoestratégico no qual nos inserimos”. Hermínia Vasconcelos Vilar reforçou ainda que “a Universidade de Évora está na origem desta Rede e desde o seu início que reconhece a sua relevância e tem sido protagonista de ações que visam não só manter esta parceria mas acima de tudo consolidá-la”.

Por sua vez, Isabel Viegas D’Abreu, Ministra da Educação, Cultura e Ciência de São Tomé e Príncipe destacou a relevância da cooperação científica lusófona. “Há duas décadas que estreitamos a parceria com a Universidade de Évora e a partilha de conhecimento e de boas práticas entre os nossos países é essencial para encontrarmos soluções inclusivas e sustentáveis”. Para a Ministra da Educação, Cultura e Ciência de São Tomé e Príncipe “a educação e a ciência são pilares fundamentais para a transformação social e ambiental que queremos construir e este tema em debate não podia ser mais central para o desenvolvimento da comunidade. Falar de sustentabilidade é falar de saúde e de qualidade de vida, mas também de dignidade humana”, concluiu.

Também Gustavo Sobrinho Dgedge, Secretário de Estado da Terra e Ambiente de Moçambique, salientou a importância de iniciativas conjuntas, principalmente “num tempo em que os efeitos das alterações climáticas são sentidos de forma desigual, encontros como este reforçam a necessidade de ação coordenada e de políticas sustentadas no conhecimento científico”. Para Gustavo Sobrinho Dgedge “o debate sobre a temática da sustentabilidade deve ter como objetivo central melhorar a qualidade de vida das populações”, concluiu.

Para Manuela Morais, Presidente da Comissão Organizadora do evento, “este encontro pretende ser um espaço de convergência entre ciência, educação e sociedade, promovendo a criação de soluções inovadoras e eticamente responsáveis para os grandes desafios ambientais do nosso tempo”. De acordo com a Presidente da Comissão Organizadora do REALP, coordenadora do Consórcio ERASMUS + AMIGO na Universidade de Évora, “foi com o objetivo de abrir a REALP ao mundo que no programa estiveram contemplados 3 workshops de projetos internacionais em curso, bem como quatro grandes sessões temáticas – Saúde e Ambiente, Sociedade e Educação, Planeamento e Gestão do Território, e Tecnologia e Inovação – para apresentação e debate de trabalhos científicos, e cinco conferências de especialistas convidados sobre temáticas emergentes como Inteligência Artificial e Ambiente, Uma Saúde, Gestão de Resíduos e Economia Circular, bem como os desafios da cooperação académica entre universidades de língua portuguesa”. Por último, Manuela Morais sublinhou o papel central que a Universidade de Évora tem assumido no âmbito desta Rede de Estudos Ambientais de Países de Língua Portuguesa, afirmando que “há 28 anos, em 1997, a UÉvora marcava presença no Rio de Janeiro (Brasil) para assinar o primeiro protocolo da REALP”.

A conferência inaugural foi proferida por António Sampaio da Nóvoa, Reitor Honorário do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa e antigo Embaixador da UNESCO (2018-2021), que convidou os presentes a refletirem sobre o papel das redes colaborativas na criação de futuros mais justos e sustentáveis.Para António Sampaio da Nóvoa, “este encontro traduz uma época, um período de tempo que se esgota, não porque os temas aqui em debate não sejam centrais, mas porque o mundo está a caminhar noutra direção. Mas agora que este fim se aproxima, cabe a todos nós resistir, religar e reimaginar, no fundo, tentar adiar o fim desta época que ainda tem tanto potencial. E só é possível resistir a este fim e alcançar o potencial científico através de ações como este encontro que motivam o pensamento e a partilha da ciência, que permitem instituir formas científicas e cooperadas de trabalhar a potencialidade que os temas em debate ainda têm para o futuro”, reforçou.

A par das sessões científicas, o encontro ofereceu um programa cultural diversificado que incluiu duas exposições no Colégio do Espírito Santo (Expedição a S. Antão, de fotografia, e LIFE OF LAND — A view from graphic design, de design gráfico), uma mostra de filmes e atuações musicais pelos Cantares de Évora e pelo SEA JAZZ Quartet, composto por estudantes da Escola de Artes da UÉvora.

No final, a questão orientadora permanece: será possível construir novos hábitos e sistemas que garantam um futuro mais sustentável e uma relação mais saudável entre pessoas e natureza?

Publicado em 08.09.2025