União Europeia junta esforços pela biodiversidade aquática sob liderança da Universidade de Évora

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Um passo decisivo na conservação dos peixes migradores foi dado com a criação oficial do Observatório Transnacional dos Peixes Diádromos, iniciativa lançada no âmbito do projeto europeu DiadSea, liderado pela Universidade de Évora, financiado pelo programa Interreg Espaço Atlântico. 

programa Interreg Espaço Atlântico.

O anúncio foi feito na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), que acolheu o encontro inaugural da nova plataforma internacional. Reunindo 27 participantes de Portugal, Espanha, França e Irlanda, o evento marcou o início de uma cooperação transnacional para a gestão sustentável dos peixes diádromos — espécies que migram entre os rios e o mar e enfrentam um acentuado declínio populacional. Trata-se de uma missão urgente e comum, uma vez que os peixes diádromos, como a lampreia, o salmão, o sável ou a truta marinha, desempenham um papel vital nos ecossistemas aquáticos, mas estão ameaçados por fatores como a poluição, construção de barragens, pesca excessiva e alterações climáticas — especialmente durante a fase marinha, ainda pouco compreendida.

O Observatório Transnacional nasce com a missão de promover a partilha de boas práticas, identificar ameaças comuns e desenvolver estratégias conjuntas para a proteção destas espécies. A plataforma irá apoiar a formulação de políticas baseadas em conhecimento científico e fomentar a cooperação entre os países atlânticos e será uma peça-chave na promoção da sustentabilidade ecológica e socioeconómica destas espécies a nível europeu.

Com um financiamento de 3,35 milhões de euros da União Europeia, o projeto Interreg Espaço Atlântico DiadSea (EAPA_0011/2022) é liderado pela Universidade de Évora / Centro de Ciências do Mar e do Ambiente – MARE e conta com 9 parceiros beneficiários e 28 parceiros associados de 4 países europeus (Portugal, França, Espanha e Irlanda), tratando-se de um projeto transnacional que visa melhorar a gestão das populações de peixes migradores no Espaço Atlântico.

O encontro reuniu uma diversidade de entidades nacionais e internacionais com um papel ativo na investigação, gestão, conservação e sensibilização em torno dos peixes migradores. De França, participaram a LOGRAMI (associação dedicada à conservação dos peixes migradores), o INRAE (instituto público de investigação), a DGAMPA (administração pública responsável pela política marítima), a COREPEM e a CNPMEM (representantes do setor das pescas). De Portugal, estiveram presentes investigadores do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, do IPMA – Instituto Português do Mar e da Atmosfera, da Universidade de Évora e da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), bem como representantes da administração pública regional e nacional (DRGM e ICNF), e um pescador em representação do setor profissional. Da Irlanda, participou o organismo de gestão das pescas continentais Inland Fisheries Ireland (IFI), e de Espanha marcaram presença investigadores da Universidade de Santiago de Compostela (USC), um jornalista especializado na temática ambiental, representantes da Xunta de Galicia e da Sociedad de Pesca Deportiva Río Xuvia (SPDRX), dedicada à pesca lúdica e à conservação fluvial.

A criação do Observatório foi acompanhada pela apresentação do relatório técnico “Report of the Current Legislation and Common Management Practices in the AA Region”, que comparou as legislações em vigor nos quatro países parceiros. O encontro incluiu ainda uma sessão interativa com o jogo DiadESland, desenvolvido no âmbito do projeto anterior DiadES, como ferramenta de sensibilização sobre os desafios na gestão destas espécies.

Publicado em 15.07.2025