Djaimilia Pereira de Almeida recebe o Prémio Vergílio Ferreira 2025
A escritora Djaimilia Pereira de Almeida foi distinguida, esta quarta-feira, com o Prémio Vergílio Ferreira 2025, numa cerimónia que teve lugar na Sala dos Docentes do Colégio do Espírito Santo, na Universidade de Évora. O galardão, atribuído anualmente, visa homenagear a literatura em língua portuguesa e reconhecer os autores cuja obra se destaca no panorama literário contemporâneo.
A sessão contou com a presença da Reitora da Universidade de Évora, Hermínia Vasconcelos Vilar, que abriu o evento, destacando a importância do prémio para a promoção da diversidade e da riqueza da língua portuguesa. Segundo a Reitora, o Prémio Vergílio Ferreira tem contribuído de forma decisiva para a valorização da literatura lusófona, refletindo o dinamismo da língua e o impacto da sua produção literária no mundo.
A escritora foi premiada por sua contribuição significativa à literatura portuguesa, com obras que exploram temas como identidade e o colonialismo. O júri, presidido por António Sáez Delgado, sublinhou a capacidade de Djaimilia Pereira de Almeida de renovar e enriquecer a narrativa portuguesa contemporânea, destacando a sua escrita profundamente envolvente, capaz de refletir sobre questões sociais e culturais essenciais.
A professora universitária Cristina Firmino Santos, que apresentou a autora durante a cerimónia, referiu que a escritora recorre a uma abordagem única que combina a reflexão crítica sobre o quotidiano com uma linguagem sensível e profunda. Segundo Cristina Firmino Santos, a autora tem mostrado uma preocupação constante em dar voz aos "estranhos" da sociedade, aqueles cujas histórias muitas vezes são marginalizadas.
Durante o seu discurso, Djaimilia Pereira de Almeida refletiu sobre o significado da sua obra e sobre os temas que a inspiram. “O que tratam os meus livros? Eu escrevo sobre as feridas individuais das pessoas, sobre as sombras que habitam a cidade, dando voz a quem não a tem, e emprestando parte do meu íntimo para tornar os outros mais próximos”, afirmou a escritora. A premiada sublinhou ainda o seu gosto pelas "zonas cinzentas", um espaço de liberdade criativa e reflexão que lhe permite explorar a complexidade da identidade e da existência humana.
Em declarações aos jornalistas, Djaimilia considerou ser uma "honra" receber este prémio, ainda para mais sendo a escritora mais jovem a ser distinguida com este galardão. A autora afirmou que este reconhecimento a "incentiva a continuar" e, através dos seus livros, a "impelir os leitores a reparar nas pessoas à sua volta".
Na edição referente a 2025, o júri, presidido pelo professor da Universidade de Évora Antonio Sáez Delgado, integra também os docentes universitários Joana Matos Frias (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa); António Apolinário Lourenço (Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra); Armando Duarte Senra Martins (Departamento de Linguística e Literaturas da Escola de Ciências Sociais da Universidade de Évora) e Ricardo Viel (Crítico Literário).
O Prémio Vergílio Ferreira foi atribuído, pela primeira vez, a Maria Velho da Costa, seguindo-se Maria Judite de Carvalho, Mia Couto, Almeida Faria, Eduardo Lourenço, Óscar Lopes, Vítor Manuel de Aguiar e Silva e Agustina Bessa-Luís. Manuel Gusmão, Fernando Guimarães, Vasco Graça Moura, Mário Cláudio, Mário de Carvalho, Luísa Dacosta, Maria Alzira Seixo, José Gil, Hélia Correia, Ofélia Paiva Monteiro, Lídia Jorge, João de Melo, Teolinda Gersão, Gonçalo M. Tavares, Nélida Piñon, Carlos Reis, Ana Luísa Amaral, Helena Carvalhão Buescu, Ondjaki, e a Maria Irene Ramalho.