Semana de Ciência e Tecnologia e do IIFA com presente e futuro em perspetiva
De 20 a 24 de novembro, o Instituto de Investigação e Formação Avançada (IIFA) da Universidade de Évora promoveu uma intensa programação no âmbito da Semana da Ciência e Tecnologia, que culminou com a celebração do Dia Nacional da Cultura Científica. O evento reuniu investigadores, estudantes, representantes de empresas e membros do Governo para debater temas de relevância científica, tecnológica e cultural. Além de homenagear Rómulo de Carvalho, físico, poeta e referência internacional na difusão da cultura científica, a ocasião marcou também o aniversário do IIFA, com um balanço das suas conquistas e desafios.
O evento teve lugar no PACT Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia (PACT), descrito por Soumodip Sarkar, diretor da entidade, como um espaço ideal para a transferência de conhecimento e a interface entre Instituições de Ensino Superior (IES) e empresas: "O PACT é o palco perfeito para iniciativas que promovem o conhecimento e o conectam ao mundo empresarial", destacou. “Este espaço tem desempenhado um papel crucial no fortalecimento do ecossistema de inovação no Alentejo, abrangendo áreas como robótica, inteligência artificial e propriedade intelectual”.
Rui Salgado, diretor do IIFA, enfatizou a missão do instituto na valorização da investigação fundamental e aplicada, além da formação avançada: "este ano, recebemos mais de 200 novos doutorandos, incluindo participantes de novos programas doutorais," anunciou, aproveitando a ocasião para alertar, entre outras questões, para a precariedade laboral dos investigadores “com baixos salários e poucos direitos, que não refletem o valor que a Ciência tem para a sociedade”.
Os desafios e avanços da Ciência na região foram descritos pela Secretária de Estado da Ciência, Ana Paiva, que elogiou o sucesso do IIFA e do PACT, salientando aqui, a articulação entre as IES e as empresas como um motor do "novo Alentejo tecnológico e inovador". Reconheceu, contudo, que a precariedade dos investigadores e a falta de doutorados na indústria e na educação são desafios prementes: "estamos a trabalhar para substituir bolsas de pós-doutoramento por contratos efetivos e para repensar as condições dos investigadores, fundamentais para o desenvolvimento científico," garantiu.
A Reitora da Universidade de Évora, Hermínia Vasconcelos Vilar, destacou que "o IIFA e o PACT representam um sonho tornado realidade", sendo pilares de uma estratégia de internacionalização que coloca a Ciência da região no mapa global. Porém, apontou problemas como o “financiamento insuficiente”, que cobre cerca de 70% da massa salarial, e a falta de infraestrutura de transporte no Alentejo, que limita a conexão com o restante território.
Também os Institutos Politécnicos de Portalegre e Beja marcaram presença na iniciativa, reforçaram o papel das suas instituições na ligação com empresas e no apoio à formação avançada. Contudo, ambos criticaram a forma de financiamento do programa FCT-Tenure, e a dificuldade em manter a competitividade perante políticas científicas inconsistentes. "Precisamos de uma visão clara e de compromisso para atender às necessidades reais do território," afirmou o representante do Instituto Politécnico de Portalegre.
A precariedade, o financiamento e a burocracia na gestão de projetos foram temas centrais no debate sobre a política científica nacional, apresentado pela Secretaria de Estado. Também foi lançado o desafio ao governo para criar um programa nacional de construção de residências universitárias e facilitar a mobilidade de investigadores. "Os cientistas são a base da Ciência e o motor do desenvolvimento do país," concluiu a representante governamental.
O evento destacou a relevância da investigação para questões práticas como agricultura, saúde e energia, reforçando a necessidade de parcerias entre Ciência, empresas e sociedade. A celebração do Dia Nacional da Cultura Científica no Alentejo evidenciou que, apesar dos desafios estruturais e financeiros, a região avança em direção a um futuro mais inovador e sustentável, mantendo a Ciência como pilar essencial para o progresso.