Ministro da Educação, Ciência e Inovação na comemoração dos 465 anos da Universidade de Évora

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Decorreu hoje, dia 1 de novembro, na Universidade de Évora, a habitual sessão solene que marca o início do ano letivo. A data, que representa um dos momentos mais relevantes do ano para a academia eborense, assinala a fundação da Universidade Jesuíta em 1559.  À semelhança de anos anteriores, realizaram-se os tradicionais discursos da Reitora. Herminia Vasconcelos Vilar, aproveitou a sua intervenção para dar a conhecer os projetos em andamento e outros, ainda em fase de candidatura, que vão alavancar a instituição, como é o caso do laboratório do CIEMAR em Sines e a aposta na área da Saúde. Nesta área, o curso de Medicina poderá, espera-se, a breve trecho, alavancar este setor, em conjunto com a construção do novo hospital distrital na cidade de Évora. 

O Presidente do Conselho Geral, João Carrega, considerou, na sua intervenção, que “as instituições de ensino superior portuguesas devem estar alinhadas com as agendas europeias". Isto é, devem fazer parte do espaço europeu de ensino superior.” Exemplo disso é a integração da Universidade de Évora na aliança EU GREEN, que agrega instituições da Espanha, Suécia, Polónia, Itália, França, Alemanha, Irlanda e Roménia, sendo a Universidade de Évora a única instituição portuguesa envolvida. João Carrega recordou que o Conselho Geral da Universidade de Évora foi pioneiro na promoção de uma discussão sobre o RJIES com os outros Conselhos Gerais das universidades públicas portuguesas: “Foi com esse propósito que organizámos, com o Alto Patrocínio do Presidente da República, o I Encontro Nacional dos Presidentes, Vice-Presidentes e membros dos Conselhos Gerais das Universidades Públicas Portuguesas.”


Em representação dos funcionários não-docentes, Cláudia Marques, secretária do Instituto de Investigação e Formação Avançada, destacou a importância dos funcionários para o bom funcionamento da instituição, referindo a responsabilidade com que exercem as suas funções e a importância de carreiras sólidas. Ana Beatriz Calado, Presidente da Associação Académica, alertou para aspetos como a falta de habitação jovem e para estudantes na cidade de Évora, vincando que os estudantes podem sempre contar com a associação para lutar por melhores condições em diferentes áreas. Coube este ano à Professora Doutora Cesaltina Pires proferir a Lição Inaugural, intitulada "Análise de decisão - ajudar na tomada de decisão em problemas complexos".

A sessão de encerramento esteve a cargo do Ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, que, durante a cerimónia e mais tarde em declarações aos jornalistas, destacou a importância da Universidade de Évora no panorama regional e nacional, “porque são estas instituições que devem estar na linha da frente e no traçar do futuro de Portugal.” O ministro indicou que estão previstos para a região sul do país vários “investimentos significativos”, como o novo aeroporto, os investimentos na região de Sines e o novo hospital distrital de Évora. “Dado o papel que esta Universidade desempenha, será líder na transformação da região,” sublinhou o ministro, “seja através da qualificação, seja através da ciência, que vai contribuir para o desenvolvimento de toda a região.” Relativamente à nova Escola de Saúde e ao curso de Medicina em particular, o ministro reconheceu o interesse em que a Universidade de Évora se assuma como um referencial, em articulação com o novo hospital, “oferecendo serviços de saúde de qualidade às populações desta região".

A cerimónia, que terminou com o Cortejo Académico, contou com a atuação de Grupos Académicos no Claustro do Colégio do Espírito Santo. As comemorações prolongam-se ao longo do dia, incluindo o lançamento e a apresentação da publicação comemorativa dos 50 anos do Instituto Universitário de Évora, intitulada "50 Anos de Memórias". A Reitora destacou que a obra nos oferece “um conjunto de visões, são perspetivas pessoais de quem acompanha ou acompanhou a história desta academia, que nos marcou e continua a marcar. É uma visão possível destes 50 anos.” Jorge Araújo, antigo reitor e mentor da obra, confidenciou: “A Universidade de Évora está na minha pele. Todos os dias penso na Universidade de Évora. Cada um de nós tem olhares diferentes, e cada participante contribui com a sua própria visão e narrativa, oferecendo diferentes perspectivas, inclusive com contributos de pessoas externas à universidade.”

António Covas, responsável pela apresentação do livro, expressou gratidão pela confiança depositada nele para conduzir este momento, dizendo: “Estou grato por me terem confiado a apresentação deste livro. Saí desta universidade há 25 anos, mas continuo atento ao seu quotidiano. A maneira de encarar o problema é, na maior parte dos casos, parte do próprio problema... existem muitas formas de contar a história de uma instituição.” Refletindo sobre a temporalidade, acrescentou: “Passado, presente e futuro se entrelaçam, mas, quando olho para a história da Universidade de Évora, vejo apenas o tempo presente.” O professor ainda mencionou que “a escolha dos testemunhos pessoais oferece uma perspetiva única; este é apenas o primeiro passo para outras obras futuras que virão enriquecer esta memória coletiva.” Após a apresentação do livro, foi lançada a nova App InUÉ, que disponibiliza várias secções para que a comunidade académica e outros interessados possam aceder a informações atualizadas sobre o dinamismo da Universidade de Évora. O dia de comemoração terminou com um concerto pela Orquestra da Universidade de Évora, no Auditório Christopher Bochmann, no Colégio Mateus D'Aranda, às 17h30.

Prémios e Distinções:

Durante a sessão, foram atribuídos prémios e outras distinções a estudantes e antigos estudantes da Universidade de Évora. O Prémio Escolar, atribuído anualmente ao estudante da academia eborense que tenha concluído a sua licenciatura com a melhor classificação final, nunca inferior a 16 valores, foi este ano entregue a Sara Sofia Coelho Amaral, licenciada em Engenharia Informática, que terminou o curso com a classificação final de 18,5 valores.

O Prémio de Mérito Caixa Geral de Depósitos, atribuído ao estudante que ingressou com a nota de candidatura mais elevada através do Concurso Nacional de Acesso, foi concedido à estudante Sílvia Palma Godinho, que ingressou na Licenciatura em Línguas e Literaturas, com uma nota de candidatura de 19,2 valores.

As Bolsas de Mérito do Programa Alumni Eugénio de Almeida, instituídas pela Fundação Eugénio de Almeida em homenagem ao seu fundador, Engenheiro Vasco Maria Eugénio de Almeida, são entregues anualmente aos melhores finalistas dos cursos de Economia, Gestão e Sociologia. Da Licenciatura em Gestão, com média de 17 valores, foi distinguida Miriam Ramires Gonçalves; da Licenciatura em Economia, com média de 14,5 valores, a distinção foi atribuída a Gonçalo Manuel Barrote Ludovino; e da Licenciatura em Sociologia, com média de 15,8 valores, a bolsa de mérito distinguiu Fabiana Inês Carrão Cabeça.

A Bolsa de Mérito Eugénio de Almeida – Áreas Artísticas foi atribuída a Maria da Graça Oliveira Antunes, estudante do mestrado em Ensino de Música.

O Prémio de Excelência Académica para a melhor Tese de Investigação na Área Social, patrocinado pela Santa Casa da Misericórdia de Évora, foi concedido a Cláudia Alexandra Monteiro Silva Chambel, do curso de doutoramento em Ciências da Educação.

A Bolsa Peter Vogelaere, destinada aos estudantes que tenham completado a licenciatura em Ciências do Desporto na Universidade e optado pelo mestrado em Exercício e Saúde, foi atribuída a Raul Duarte Oliveira Grenho da Rosa.

A Bolsa de Mérito Jornal Ensino Magazine, para o estudante com a média mais elevada no 1º ano de um dos cursos contemplados no regulamento, foi concedida a Lara Marques de Almeida, estudante de Economia, com média de 18 valores.

O Prémio João Cidade, que distingue os melhores trabalhos académicos nas áreas científicas da Escola Superior de Enfermagem São João de Deus, foi atribuído a Rita Sofia Bernardo Amador e a Inês Isabel José Chaveiro, do curso de mestrado em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica.

A Bolsa “Parteiras para a Lusofonia”, instituída pela professora Margarida Sim-Sim, foi atribuída a Cíntia Carine Soares Fernandes, do curso de mestrado em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica.

O Prémio Académico Altice Labs, destinado ao melhor estudante finalista de qualquer Mestrado nas áreas de Tecnologias de Informação, Comunicação e Eletrónica, foi atribuído a José Hugo Sousa Silva.

Por fim, Rui Manuel da Fonseca Pinto, alumnus da Licenciatura em Ensino de Matemática e do Mestrado em Matemática Aplicada, foi galardoado com o Prémio Carreira Alumni, distinção que reconhece um diplomado que se tenha destacado pela sua carreira profissional e cívica e que, sendo uma referência para os seus pares e para a sociedade, contribua para consolidar a imagem da Universidade de Évora como instituição de ensino de referência.


A Universidade de Évora foi a segunda universidade a ser fundada em Portugal. Metrópole eclesiástica e residência temporária da Corte, Évora surgiu desde logo como a cidade mais indicada. Ainda que a ideia original de criação da segunda universidade do Reino tenha pertencido a D. João III, coube ao Cardeal D. Henrique a sua concretização.

Interessado nas questões de ensino, começou por fundar o Colégio do Espírito Santo, confiando-o à então recentemente fundada Companhia de Jesus. Ainda as obras do edifício decorriam e já o Cardeal solicitava de Roma a transformação do Colégio em Universidade plena. Com a anuência do Papa Paulo IV, expressa na bula Cum a nobis de abril de 1559, foi criada a nova Universidade, com direito a lecionar todas as matérias, exceto Medicina, Direito Civil e a parte contenciosa do Direito Canónico.

Publicado em 01.11.2024