A Universidade de Évora associa-se ao Dia Mundial da Saúde Mental

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Saúde Mental!

Unindo Vozes pela Dignidade e Bem-Estar Mental

A saúde mental é um direito humano, não um privilégio!

OMS, 2001

Mental Health: New Understanding, New Hope

 

No Dia Mundial da Saúde Mental, o Departamento de Ciências Médicas e da Saúde da Escola de Saúde e Desenvolvimento Humano da Universidade de Évora reuniu os seus docentes, investigadores, técnicos e colaboradores, profissionais de diversas áreas da saúde e da educação — psicólogos, médicos, farmacêuticos, biólogos, enfermeiros, bioquímicos, psiquiatras, cardiologistas, gerontologistas, nutricionistas, entre outros — para reafirmar o compromisso com a promoção da saúde mental como um direito humano fundamental. A saúde mental não se limita à ausência de doenças mentais, mas corresponde a um estado de bem-estar em que cada indivíduo pode realizar o seu potencial, lidar com os desafios do quotidiano e contribuir de forma ativa para a sua comunidade (WHO, 2021). Neste sentido, o bem-estar mental é um pilar essencial da saúde global e exige atenção prioritária.

Os problemas de saúde mental continuam a ser uma das principais causas de incapacidade e mortalidade precoce a nível global. Em Portugal, estima-se que cerca de 20% da população tenha sofrido de algum transtorno mental ao longo da vida, sendo a ansiedade e a depressão as perturbações mais comuns (Direção-Geral da Saúde, 2020).

Por outro lado, estes problemas necessitam de ser integrados no contexto das alterações climáticas como destaca o editorial da revista Nature de Abril de 2024. Tem vindo a ser demonstrado que fenómenos extremos, como ondas de calor, secas, incêndios e inundações, intensificados pelas alterações climáticas, estão associados a traumas, doenças mentais e stress. Além disso, os efeitos crónicos do aquecimento global aumentam a insegurança no acesso a água e alimentos, criando conflitos e colapsos sociais que agravam o bem-estar emocional e condicionam a saúde mental.

Perante este cenário, torna-se urgente que as políticas públicas e as intervenções clínicas integrem abordagens preventivas e terapêuticas eficazes, que respondam às necessidades de uma população cada vez mais afetada pelo stress, pela insegurança e por condições sociais ambientais e económicas adversas.

A Importância da Interdisciplinaridade

Enquanto docentes e profissionais de saúde do Departamento de Ciências Médicas e da Saúde da Universidade de Évora, temos a responsabilidade de promover uma abordagem interdisciplinar à saúde mental. Esta deve ser tratada de forma integrada, envolvendo desde a investigação em genética e bioquímica até ao apoio psicoterapêutico e à intervenção médica. Apenas através de uma resposta coordenada e coletiva será possível oferecer soluções inovadoras e eficazes.

Integração da Saúde Mental com a Saúde Física

Estudos recentes têm demonstrado a relação entre doenças crónicas, como as doenças cardíacas, respiratórias e a diabetes, e o aumento da prevalência de transtornos mentais (Walker et al., 2015). A integração da saúde mental nos cuidados de saúde primários é fundamental para garantir que os problemas mentais sejam diagnosticados e tratados de forma precoce.

A Relevância da Prevenção

Intervenções precoces, como programas de educação para a saúde mental em ambiente escolar, têm mostrado reduzir significativamente o risco de desenvolvimento de transtornos mentais nos jovens (Kieling et al., 2011). Promover estilos de vida saudáveis, incluindo uma alimentação equilibrada, a prática regular de atividade física e a gestão eficaz do stress, deve ser uma prioridade ao longo de todo o ciclo de vida.

Um Apelo à Ação

Neste Dia Mundial da Saúde Mental, apelamos a que este seja um momento de mudança para o sistema de saúde mental em Portugal. Propondo ações concretas, sugerimos:

·         Investimento em serviços de saúde mental, com ênfase na expansão dos cuidados de saúde mental nas unidades de cuidados primários, garantindo acesso rápido e eficaz a apoio psicológico e psiquiátrico;

·         Campanhas públicas de sensibilização que combatam o estigma associado às doenças mentais, promovam o autocuidado e incentivem as pessoas a procurarem ajuda quando necessário;

·         Apoio à investigação interdisciplinar, reforçando o financiamento de projetos que unam a ciência básica à prática clínica, promovendo a inovação no diagnóstico e tratamento dos transtornos mentais;

·         Promoção de ambientes saudáveis, incentivando políticas que promovam a saúde mental no local de trabalho, nas escolas e na comunidade, com especial atenção aos mais vulneráveis.

Reafirmamos o nosso compromisso com a luta pela dignidade e pelo bem-estar de todos. A saúde mental deve estar no centro da agenda pública e ser uma prioridade em todas as políticas de saúde. Para reforçar este compromisso realçamos que….

 

A saúde mental é determinada por uma teia complexa de determinantes de âmbito geral e global e de âmbito local. Hoje, existe já visão e conhecimento satisfatório sobre o âmbito global. Porém, a mudança desejada poderá residir sobretudo nas abordagens e intervenções intersetoriais de Saúde Local, em todas as suas dimensões.

Victor Ramos

Professor de Saúde Pública, Médico e Presidente do Conselho Nacional de Saúde

 

 

Um dos principais desafios atuais na investigação sobre saúde mental, é medir com precisão a deterioração da saúde mental atribuível às alterações climáticas, para que se possa intervir de forma adequada e eficaz.

Ana Costa

Professora de Bioquímica

Diretora do Departamento de Ciências Médicas e da Saúde

 

Portugal é o segundo país da OCDE com maior utilização de antidepressivos. No caso dos ansiolíticos, é mesmo o primeiro. O que justifica isto?

Adelinda Candeias,

Professora de Desenvolvimento Humano e Ciclo da Vida  e Comportamento e Comunicação em Saúde, Psicóloga

 

Em 2023, 38,6% dos estudantes da Universidade de Évora afirmaram que apresentam sintomas ansiosos moderados a graves e 38,9% sintomas depressivos moderados a severos. Como chegámos a isto?

Rui Raimundo

Professor Fisiologia Celular e Molecular e Biólogo

Investigador do Comprehensive Health Research Center

 

O nosso corpo funciona como um todo. Não há saúde física, sem saúde mental! Cuide da sua saúde mental tal como cuida da sua saúde física. A nossa saúde é um TODO.

Cátia Moreira de Sousa

Professora de Farmacologia e Farmacêutica

 

A diversidade alimentar é fundamental para a saúde, sendo as cores dos alimentos indicativas dos seus benefícios, especialmente na prevenção de doenças neurodegenerativas e psiquiátricas, como evidenciado por alimentos ricos em antioxidantes, essenciais para a proteção do cérebro e bem-estar mental.

Rosário Martins

Professora de Bromatologia e Nutrição Humana e Farmacêutica

 

As escolhas alimentares têm um papel determinante na saúde física e mental. Temos a sorte de dispor de um dos padrões alimentares mais saudáveis: a Dieta Mediterrânica, cuja adesão está positivamente relacionada com menor risco de depressão e declínio cognitivo.

Elsa Cristina Carona de Sousa Lamy

Professora de Fisiologia do Comportamento Alimentar e de Alimentação, Saúde e Sociedade

Investigadora Auxiliar no MED

  

Cuidar e valorizar a saúde mental é um ato de amor por nós próprios, de equilíbrio e bem-estar para uma melhor qualidade de vida.

Ana Catarina Galveias Jorge

Professora de Métodos e Técnicas em Biomedicina e Imunidade e Ambiente

Investigadora no Laboratório HERCULES

 

Abordar a saúde de cada pessoa como um sistema complexo e integrado, constituirá inevitavelmente uma resposta coerente e efetiva aos problemas agudos e crónicos, não só do foro físico, mas também mental. Utilizar eficientemente os recursos que temos ao nosso dispor, sejam tecnológicos ou humanos, com vista à prevenção, diagnóstico e tratamento é meio caminho andado para o incremento de uma adequada resposta individual e coletiva a um dos principais flagelos do século XXI.

Ana Margarida Advinha

Professora Farmacoepidemiologia e Farmacêutica

Diretora de Curso do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

 

A Saúde Mental é o alicerce para a vida do Ser Humano. A sua desestabilização inicia um processo de desmoronamento o qual se torna difícil sair, motivo pelo qual há um aumento do diagnóstico de depressão e de ansiedade na população. Os estilos de vida sedentários, que procuram a resposta imediata, à falta de socialização agravam a condição psíquica da Pessoa.

A MENTE NÃO MENTE!

Armindo Sousa Ribeiro

Professor de Morfologia e Função II e Morfologia e Função IV e Médico

 

As alergias crónicas são um problema de saúde pública que afeta cerca de 30% da população. Os sintomas crónicos cutâneos, respiratórios ou gastrintestinais, a par do receio permanente de exposição aos alergénios causadores da alergia, são um fator de agravamento da ansiedade. A ansiedade agrava os sintomas de alergia, num ciclo virtuoso negativo contribuindo significativamente para o desenvolvimento de doença mental. A ciência pode contribuir para aliviar este problema…

Célia Antunes

Professora de Bioquímica e Bioquímica

Diretora de Curso da Licenciatura em Ciências Biomédicas

  

A ansiedade e a depressão são dois dos problemas mais frequentes que encontro na minha prática diária como Médico de Família. A pressão do trabalho, as dificuldades económicas e o isolamento social são alguns dos fatores que contribuem para o aumento destes problemas. A sensibilização é um passo fundamental. É essencial que todos nós, como sociedade, trabalhemos para eliminar o estigma associado aos problemas de saúde mental. Falar abertamente sobre as nossas emoções e procurar ajuda quando necessário deve ser visto como um sinal de força e não de fraqueza.

Neste Dia da Saúde Mental, importa novamente lembrar como expressões tais como “isso é só da cabeça” ou “é apenas uma pessoa nervosa”, pode ser, e tantas vezes é, tão ultrajante e descabido como minorar qualquer outro problema de saúde potencialmente fatal. E as patologias de saúde mental são, nunca é demais lembrar, uma das nossas principais causas de mortalidade. Tratemo-las, como tal, com o respeito, atenção e importância que, justamente, merecem.

Tiago Mendes

Professor de Saúde Pública e Epidemiologia e Médico

 

 

Publicado em 10.10.2024