50 Anos de Políticas Ambientais em Portugal

Teresa Pinto Correia, investigadora do MED, diretora do Laboratório Associado CHANGE da Universidade de Évora, e Miguel Araújo, investigador também do CHANGE/CENSE e responsável da Cátedra Rui Nabeiro Biodiversidade apresentaram o livro “50 Anos de Políticas Ambientais em Portugal – Da Conferência de Estocolmo à atualidade”, de Luísa Schmidt, investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, numa sessão que teve lugar no anfiteatro 131 do Colégio do Espírito Santo, dia 20 de maio, com a presença da autora e de Francisco Ferreira, Presidente da “ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável”.

 

“O livro traça 50 anos da evolução das políticas ambientais do país, partindo da Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, em Estocolmo, em 1972. Com uma introdução que situa as raízes da problemática ambiental em Portugal, o livro inclui um conjunto de testemunhos de personalidades que se destacaram no arranque pré-abril de 1974, um conjunto de reflexões de protagonistas que assumiram funções importantes já em plena democracia e uma parte dedicada às principais dimensões que constituem hoje as políticas ambientais em Portugal” destaca-se na apresentação desta obra.

Teresa Pinto Correia, considerou, a abrir a sessão, que “faz todo o sentido a apresentação deste livro na Universidade de Évora atendendo à experiência da Universidade nestas temáticas”, observando a obra de “extremamente importante e bastante informativa” ao narrar a evolução da política ambiental no nosso país e "útil para uma reflexão sobre temas que me despertaram a atenção desde os anos 70 (do século XIX)”, sublinhou, chamando ainda a atenção para a importância da gestão e conversação da paisagem rural, do ordenamento do território, e de como todas estas áreas do saber devem comungar no mesmo sentido.

Com ampla experiência nacional e internacional no que respeita à investigação e coordenação de projetos, Teresa Pinto Correia, lamenta não termos aprendido nada com os erros dos outros países, dando como exemplo, entre outros, o caso da Dinamarca ao mesmo tempo que responsabiliza o poder político “que não tem dado respostas” a estas questões. Lamentando ainda o facto do nosso país “não pensar de forma articulada”, nomeadamente no que respeita à relação entre floresta e agricultura ou ao ordenamento do território, Teresa Pinto Correia, partilha o exemplo ao referir que “a integração entre agricultura e ambiente não está feita em Portugal”, o que na sua opinião “não faz sentido e é bastante preocupante”.

Recordando os ensinamentos do arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, (1922-2020), nomeadamente a necessidade de uma educação para o ambiente, a professora da Universidade de Évora atenta ser “importante que a sociedade em geral perceba a importância do ordenamento do território”.

Também da Universidade de Évora, Miguel Araújo, investigador do CHANGE e responsável pela Cátedra Rui Nabeiro Biodiversidade, esteve na sessão de apresentação referindo, entre outras ideias, as datas, as instituições e personalizadas históricas nacionais e internacionais que foram pioneiras ou que marcaram, de uma forma ou de outra, estas temáticas ambientais e de ordenamento do território, sublinhando aqui a importância de uma maior consciência ambiental. 

Francisco Ferreira, Presidente da “ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, enaltecendo a importância desta obra, comunga da mesma opinião do investigador da UÉ, reforçando a necessidade do nosso país ter políticas ajustadas à realidade cada vez mais visiveis, mormente no que respeita às alterações climáticas e ambientais.

Luísa Schmidt, autora do livro que resume 50 anos de Políticas Ambientais em Portugal, considera que as política ambientais “são cada vez mais exigentes em termos de rigor técnico-científico” o que na sua opinião é necessária “coragem política” para que taus medidas possam avançar, admitindo, ainda assim, que existem alguns casos de sucesso mas também de insucesso.

Refira-se que é recordado na obra que em Portugal o arranque das políticas ambientais está ligado à criação da Comissão Nacional do Ambiente quando o país, até então arredado das organizações internacionais, foi convidado pela ONU para participar na conferência de Estocolmo em 1972. Vivia-se uma época de cautelosa abertura política que ficou conhecida como Primavera Marcelista e nas vésperas da mudança histórica do 25 de Abril de 1974.

Publicado em 24.05.2024