UÉ constitui Cátedra do Solo e coordena Laboratório Vivo para a regeneração do sistema Agro-Silvo Pastoril do Montado

Decorreu no dia 8 de janeiro, na Sala dos Docentes do Colégio do Espírito Santo da Universidade de Évora (UÉ), a sessão pública de constituição da Cátedra do Solo que resulta de uma parceria com a empresa BOVICER, proprietária da Herdade da Parreira, no concelho de Montemor-o-Novo, que além de financiar a investigação nesta área, permitirá ainda apoiar a formação na área da agricultura de conservação e a articulação com o Laboratório Vivo para a regeneração do Sistema Agro-Silvo Pastoril do Montado, unidade de investigação igualmente apresentada no decorrer da sessão. 

A investigação em práticas regenerativas do solo no contexto da região Alentejo é uma área forte na Universidade de Évora, particularmente através do Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento da Universidade de Évora – MED, entidade agora coordenadora do Laboratório Vivo para a regeneração do sistema agro-silvo pastoril Montado (Montado Living Lab) e da Cátedra do Solo (Soil Chair), que viu através deste protocolo sedimentada a já longa relação entre a Universidade de Évora e a Herdade da Parreira.

“A Universidade de Évora assistiu hoje à assinatura de dois documentos que são de extrema importância. Por um lado, a criação da Cátedra do Solo, que como o próprio nome indica tem o solo como objeto principal de investigação. Por outro lado, o protocolo, que unindo mais de três dezenas de entidades, permitiu a constituição do Laboratório Vivo para a regeneração do sistema agro-silvo pastoril Montado. Em comum estes documentos têm, por um lado, no seu centro as preocupações pela regeneração do solo, pelas alterações climática, pela necessidade de olhar para o nosso território que tem de olhar para os seus recursos naturais e geri-los de forma sustentável, de forma a encontrar respostas para os desafios que nos são colocados diariamente. Realça-se ainda a colaboração, cada vez mais importante, entre a universidade e instituições de diferentes perfis. O futuro implica, cada vez mais, que as Instituições de Ensino Superior se abram à comunidade, mas também que as empresas e outras instituições reconheçam a necessidade de colaborar com as IES”, destacou Hermínia Vasconcelos Vilar, Reitora da UÉ.

A nova Cátedra vê assim financiada, nos próximos cinco anos, a investigação focada no estudo do solo e na promoção da agricultura de conservação, que, para Teresa Pinto Correia, investigadora do MED, se trata do “reconhecimento, por parte da Herdade da Parreira, entidade com quem colaboramos há muitos anos, da importância da incorporação do conhecimento na gestão prática da agricultura de precisão, procurando através deste financiamento, que a investigação tivesse impacto de uma forma mais generalizada”. Para Nuno Marques, gestor da BOVICER, “sem o solo não conseguiremos mitigar as alterações climáticas, o que significa que sem investir no solo não alcançaremos a sustentabilidade ambiental e social que tanto almejamos. O solo deve ser o nosso Norte”. Também Mário Carvalho, investigador do MED, refletiu acerca da relevância do solo “enquanto um dos pilares do funcionamento do ecossistema produtivo, com sustentabilidade económica e ambiental”.

Numa iniciativa liderada pela UÉ, o Living Lab procura contribuir com a produção de conhecimento para a manutenção do montado, através de uma colaboração com 21 produtores, que entre empresas e empresários em nome individual, disponibilizam, durante 10 anos, um total de cerca de 30 parcelas, em várias zonas do Alentejo, onde serão testadas novas soluções que permitam preservar este ecossistema, criando conhecimento aplicável na gestão da prática. “Falamos de investigação que resulta na mudança de práticas por parte dos produtores e uma melhoria substancial nas condições do solo que é a base do ecossistema”, defendeu Teresa Pinto Correia, investigadora do MED. Entre outras entidades, o laboratório vivo é constituído pela UÉ, através do MED, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), Universidade Nova de Lisboa e Centro de Biotecnologia Agrícola e Agroalimentar do Alentejo (CEBAL).

Cees Veerman, Presidente da Missão Solo do Horizonte Europa, evidenciou através de uma mensagem que endereçou a todos os presentes, a necessidade urgente de tornar os solos mais saudáveis. “Nós possuímos muito conhecimento científico sobre o solo, urge agora perceber como aplicar esse conhecimento, entender como efetivamente conseguimos contribuir para tornar o solo mais saudável, que instrumentos devemos utilizar. Acredito que será um exemplo a aplicar noutros países”, concluiu. Pia sanchez, Presidente da FEDEHESA (La Federación Española de la Dehesa), conceito que equivale ao ‘montado’ em português, destacou a importância de trabalhar em rede. “É um desafio para o século XXI começar a mudar mentalidades para reconhecer a importância do solo. Somos a única entidade em Espanha que representa o montado em todo o nosso país, mas apenas conseguimos ter impacto e maior influência nas políticas europeias se trabalharmos em parceria com outras entidades”, concluiu.

 

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Publicado em 09.01.2024