Jornadas Ibéricas de Infraestruturas de Dados Espaciais trazem mais de 300 participantes à UÉ
A XIV edição das Jornadas Ibéricas de Infraestruturas de Dados Espaciais (JIIDE) teve lugar no Colégio do Espírito Santo entre os dias 6 e 8 de novembro, contando com mais de 300 participantes, num programa que contemplou a apresentação de 70 comunicações. Trata-se de uma ação de carácter ibérico que constitui assim uma mais-valia para a partilha do conhecimento que tem sido realizado nesta área científica em ambos os países.
As JIIDE celebram-se anualmente, sendo que cada três anos têm lugar uma vez em Portugal e duas em Espanha, tendo sido a Universidade de Évora (UÉ) o local escolhido para acolher esta edição subordinada ao tema “Contributos das Infraestruturas de Dados Espaciais para os Conjuntos de Elevado Valor”, num espaço privilegiado de reflexão sobre a temática da informação geográfica, constituindo um fórum para partilha de experiências e projetos nestes domínios, não só para os membros da academia, como também para todos os profissionais da administração pública e do setor privado que utilizam infraestruturas de dados espaciais no exercício das suas atividades.
Paulo Quaresma, Vice-Reitor para a Investigação, Inovação e Internacionalização da UÉ, destacou a aposta da instituição nesta área, referindo que “a Universidade de Évora é responsável por um dos quatro nós da Rede Nacional de Computação Avançada que tem como suporte dois Supercomputadores, um deles o «Oblivion» e que está disponível para utilização da comunidade académica, e um mais recente, o «Vision», mais focado na inteligência artificial”. Carlos Pinto de Sá, Presidente da Câmara Municipal de Évora, também atribuiu relevância a esta temática, afirmando que “o evoluir da ciência e do conhecimento é instrumental para poder melhorar as capacidades da sociedade”, realçando que “a tecnologia não é o fim, mas sim o instrumento para que se consigam atingir níveis mais elevados de qualidade de vida”.
Mário Caetano, Subdiretor-geral do Território, reforçou que “desde 2007, mais de 30 entidades em Portugal têm sido pioneiras na disponibilização de dados através de serviços de internet, o que tem permitido dar um grande contributo para disponibilizar dados de elevado valor. Inclusive, no verão de 2024 irá ser disponibilizada a primeira cobertura nacional de imagens de satélite”.
Os Conjuntos de Dados de Elevado Valor enquadram-se num movimento mais abrangente do que habitualmente se designa por “dados abertos”, que visa promover a partilha da vasta informação produzida e mantida pela Administração Pública. No entanto, recorde-se que o Regulamento de Execução (EU) 2023/138 da Comissão, de 21 de dezembro de 2022 (publicado a 23 de janeiro de 2023 no Jornal Oficial da União Europeia) estabelece uma lista de conjuntos específicos de dados de elevado valor e define os princípios e as regras associadas à partilha dos dados de cada uma das categorias temáticas, tendo em conta a Diretiva (UE) 2019/1024 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de junho de 2019, relativa aos dados abertos e à reutilização de informações do setor público. Assim, a aplicação deste regulamento para a informação geográfica tem de ser analisada e debatida, uma vez que do vasto conjunto de dados que podem ser classificados como «Dados de Elevado Valor», existem vários que constituem dados geográficos e que, como tal, são geridos e explorados pelas infraestruturas de dados espaciais. Neste sentido, estas plataformas vão desempenhar um papel fundamental no cumprimento deste regulamento de execução da Comissão Europeia.
Teresa Batista, investigadora do MED&CHANGE na Universidade de Évora, integrou a comissão organizadora e a comissão técnica desta edição das JIIDE, e contribuiu para a reflexão com a partilha de um estudo intitulado “IDE científica, o elo regional e a sustentabilidade territorial”, que apresenta os primeiros passos que estão a ser dados no sentido da criação de uma IDE Regional e Científica da Região Alentejo, tendo como promotores a Universidade de Évora, a CCDR Alentejo, I.P. e a CIMAC, que se juntam com o objetivo de colocarem à disposição do território uma ferramenta que contribua para o desenvolvimento sustentável e inteligente da região Alentejo.
Recorde-se que as Jornadas Ibéricas de Infraestruturas de Dados Espaciais resultam de uma parceria entre a Direção-Geral do Território de Portugal (DGT), o Instituto Geográfico Nacional de Espanha (IGN), através do Centro Nacional de Informação Geográfica (CNIG), e o Governo de Andorra, e esta edição em concreto contou ainda com o apoio da Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central (CIMAC), da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (CCDRA), da Câmara Municipal de Évora e da Universidade de Évora.