Escola de Artes da UÉ assume papel de relevância no Festival de Música Contemporânea
Os palcos da cidade de Évora ganham vida entre os dias 3 e 5 de novembro com o Festival de Música Contemporânea que conta com o contributo de docentes e estudantes das áreas de Música, Teatro, Multimédia e Design da Universidade de Évora, uma oportunidade de partilha, através de uma exposição pública diferenciada, do potencial das diferentes valências da Escola de Artes e da instituição em geral.
Será Ana Telles, pianista e Diretora da Escola de Artes da Universidade de Évora, quem fará a abertura do Festival de Música Contemporânea no Salão Nobre do Teatro Garcia de Resende. “É um duplo orgulho e um duplo privilégio, pois a minha responsabilidade, neste caso, é pessoal e institucional, uma vez que o recital que apresentarei na abertura do festival se constrói sobre obras e compositores que têm acompanhado o meu percurso artístico desde há muito, ao mesmo tempo que apresenta leituras diversas destas obras, várias delas com o cunho de outros intervenientes (docentes e estudantes) da área de Artes Plásticas e Multimédia da Escola de Artes”, destacou Ana Telles.
Trata-se de uma homenagem ao percurso de João Pedro Oliveira, Carlos Marecos, Carlos Caires e João Madureira, expoentes na produção musical contemporânea portuguesa, num recital dedicado à recente música destes compositores portugueses, envolvendo o piano e diferentes tipos de meios eletrónicos, num momento onde se privilegiará a interação som-imagem, uma vez que todas as obras apresentadas serão acompanhadas por uma componente videográfica. “As obras de João Madureira incluídas no programa foram escritas para mim, tendo sido estreadas em 2012. Para essas obras, foram elaboradas videografias da autoria de Maria Jacobetty Bacelar e João de Bettencourt Bacelar, também ele docente da Escola de Artes da UÉ, publicadas na versão online da revista A Magazine, um projeto cuja génese se encontra profundamente ligada à Universidade de Évora, através do ARTERIA_LAB. A obra de Carlos Caires e Emmanuel Kowandy resulta de uma parceria desenvolvida no âmbito da Temporada cruzada França-Portugal, tendo sido apresentada no Festival de animação Monstra, em Lisboa, e no Arras Film Festival (Arras, França), em 2022. A Casa do Cravo, de Carlos Marecos, encomenda do Festival Dias de Música Electroacústica, foi estreada por mim em 2019; com vista à sua inclusão no presente recital, foi elaborada uma leitura videográfica por estudantes da Licenciatura em Artes Plásticas - Multimédia da Escola de Artes Universidade de Évora, sob a orientação de Teresa Furtado e Miguel Soares. In Tempore, para piano e eletrónica, de João Pedro Oliveira, é uma obra de 2000; dezasseis anos mais tarde, o compositor desenvolvia a versão com videografia e videomapping da sua própria autoria que integra este recital”, explica a pianista.
A Escola de Artes da Universidade de Évora esteve na génese do próprio Festival de Música Contemporânea que outrora contou com a direção artística do compositor Amílcar Vasques-Dias que foi docente do Departamento de Música da UÉ. Ana Telles destaca a natureza singular do evento “assente na colaboração entre um município (a Câmara Municipal de Évora), uma estrutura de produção artística (o Projecto DME - Dias de Música Electroacústica) e uma instituição de ensino superior, como a nossa. Permite-nos programar, divulgar e promover a música erudita ocidental contemporânea, que ocupa pouco espaço da programação cultural global, e por isso cumpre um importante papel na formação de novos públicos e na promoção de uma oferta cultural completa e equilibrada. Nesse processo, valoriza-se uma área específica que conta com uma expressão particularmente forte nos ensinos do Departamento de Música da Universidade de Évora, onde se concentram vários docentes com competências amplamente reconhecidas no âmbito da música erudita ocidental contemporânea”, realça.
Este encontro que, através de uma programação diversificada, coloca par a par ensembles e músicos de relevo internacional com jovens artistas, apresenta-se como uma oportunidade única para os estudantes de música da UÉ que “podem assim subir ao palco em espetáculos por vezes de grande complexidade técnica, enquadrados numa estrutura tripartida de produção à qual, de outro modo, não teriam acesso durante os seus anos de formação”, revela a Diretora da Escola de Artes.
No dia 3 de novembro, o Colégio Mateus d’Aranda acolhe o concerto do Ensemble DME e estudantes da Escola de Artes, e no dia 5 de novembro haverá espaço para o concerto de Percussão de Paulo Amendoeira, David Russo e Gonçalo Cerqueira, estes dois últimos também estudantes da Universidade de Évora.