Laboratório Associado CHANGE reúne investigadores em evento participativo

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No passado dia 2 de junho o Laboratório Associado CHANGE – Instituto para as Alterações Globais e Sustentabilidade (LA CHANGE) organizou no Colégio Luís António Verney, o evento participativo Science CHANGing Policy que procurou estabelecer as relações colaborativas, partilhar conhecimento, bem como discutir e reforçar as interligações entre o saber científico e tecnológico e as políticas públicas de forma a contribuir para um ambiente mais resiliente, e economias mais sustentáveis.

A sessão de abertura contou com a participação da Coordenadora do CHANGE, Teresa Pinto Correia, que frisou que “Nós temos tido uma tradição desde a curta existência do CHANGE, de nos reunirmos e fazermos uma celebração à volta do dia mundial do ambiente, e este ano é esta reunião para reflexão interna, para criarmos pontes e para trabalharmos mais e melhor uns com os outros”, enquanto que a Reitora da Universidade de Évora, Hermínia Vasconcelos Vilar, destacou o importante papel dos Laboratórios Associados, dos quais o CHANGE é exemplo, e que “têm na base a partilha da investigação e de investigadores e a complementaridade entre áreas, um fator cada vez mais central na forma como se faz ciência nos dias de hoje” contribuindo para derrubar as fronteiras entre campos científicos e entre instituições.

Após uma palestra dinamizada por José Manuel Mendonça, Presidente do Conselho de Administração do INESC TEC, que junta a academia, as empresas, a administração pública e a sociedade, na aplicação do conhecimento gerado na investigação para criar valor e impacto social, seguiu-se a apresentação do Laboratório, do  MED – Instituto Mediterrâneo para Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento, do CENSE – Centro de Investigação em Ambiente e Sustentabilidade e do cE3c – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais, as três unidades de I&D que o compõem, e das suas áreas de atuação, por Teresa Pinto Correia.

Tendo contado com a participação de 150 investigadores, este evento incluiu diversas sessões paralelas com 53 apresentações orais e 20 posters, distribuídos pelas diversas Linhas Temáticas do Laboratório -Salvaguardar e promover a biodiversidade e os serviços dos ecossistemas; Assegurar sistemas alimentares e de biomassa sustentáveis; Assegurar a preservação e regeneração dos recursos naturais; Promover uma economia circular e neutra em carbono e Reforçar a coesão territorial para reduzir as disparidades.

Tendo por base estas linhas temáticas que compõem a missão do CHANGE, Teresa Pinto Correia explica que “As problemáticas relativas às alterações globais são muitas, são complexas e são todas urgentes, tanto as que se prendem com os recursos naturais e ambiente como com questões demográficas e sociais. O CHANGE tem investigadores a trabalhar em áreas diversas, que podem dar apoio na formulação de políticas públicas baseadas em evidência científica. Por agora, os temas mais transversais, para os quais concorrem diversos investigadores do CHANGE e que nos parecem que têm que ser abordados com a máxima urgência, são a gestão e a preservação dos recursos solo e água, assim como na biodiversidade, num contexto de alterações climáticas e como forma de contribuir para a transição climática e energética”.

Neste aspeto, a Coordenadora do Laboratório avançou ainda que “Os solos são o suporte de todos os ecossistemas, e devem ser considerados tanto os agrícolas, como florestais, em áreas de conservação de natureza, os urbanos e industriais. A sua regeneração pode aumentar a sua fertilidade, mas também a capacidade de captação e fixação de carbono, assim como de infiltração e retenção e água. A água está obviamente ligada ao solo e é uma questão de urgência máxima, face tanto a aumentos de consumo tanto agrícolas como urbanos, como face às mudanças no padrão da precipitação e nas temperaturas, que se estão já a registar. E finalmente a biodiversidade, garante do equilíbrio dos ecossistemas. Para qualquer um destes recursos, torna-se urgente encontrar formas integradoras de gestão estratégica, que tenham em conta objetivos definidos à escala europeia e também nacional. A estes temas junta-se a questão da energia e transição energética, da economia circular, da qualidade e segurança alimentar, da própria co-construção do conhecimento”.  

A programação incluiu também um World Cafe, “cujo objetivo foi levar os investigadores do CHANGE a interagir entre si, assim como debater e definir as estratégias para resolver os principais desafios a serem abordados no âmbito das diversas áreas de intervenção do CHANGE”, como explica Susana Filipe, Diretora Executiva do LA CHANGE.

Adicionalmente foi ainda dado a conhecer o Concurso de Ideias Exploratórias CHANGE, que procura estimular os investigadores a apresentar as melhores ideias e pequenos projetos exploratórios resultantes do evento, sendo os melhores selecionados pelo Conselho Diretivo para um financiamento de até 10 mil euros destinados à sua implementação.

Para Teresa Pinto Correia, este tipo de eventos participativos, além de procurar dar resposta a questões complexas “implica a integração entre várias formas e tipos de conhecimento, incluindo várias disciplinas científicas – ou seja, necessárias para conseguir as respostas necessárias. A prática da interdisciplinaridade e mesmo da transdisciplinaridade é também um processo, um caminho de inovação. Pretende ser um contributo por um lado para produzir conhecimento mais diretamente aplicável, e por outro, treinar tanto os investigadores como os representantes dos sectores privados e públicos, a maior proximidade e diálogo interdisciplinar, transdisciplinar e interinstitucional – criando flexibilidade e capacidade de resposta mais eficiente aos desafios de hoje e do futuro.”

O CHANGE é o primeiro Laboratório Associado totalmente dedicado à Mudança Global e Sustentabilidade em Portugal e procura tornar-se numa referência de investigação e inovação para o desenvolvimento, avaliação e operacionalização de políticas regionais, nacionais e internacionais, contando para tal com uma equipa de mais de 300 investigadores, integrados maioritariamente em Évora, Lisboa, Beja, Faro, e nos Açores.

Publicado em 05.06.2023