Rita e Catarina Almada Negreiros sobem aos andaimes para ver as pinturas de Almada
Rita e Catarina Almada Negreiros subiram ao andaime do projeto ALMADA para verem de perto pela primeira vez os murais pintados pelo seu avô em 1945, na Gare Marítima de Alcântara, Lisboa. A visita decorreu no dia 17 de setembro acompanhadas por Milene Gil, investigadora do Laboratório HERCULES da Universidade de Évora (UÉ), a coordenar este projeto.
Rita e Catarina Almada Negreiros tiveram a oportunidade “de apreciar os detalhes e qualidade técnica das pinturas que são pouco percetíveis ao nível do chão. Inclusive, ambas tiveram a possibilidade de observar por microscopia ótica portátil algumas das camadas de pintura a 430x de ampliação”, avança Milene Gil. Já sobre esta possibilidade “a sensação que ficamos é como se estivéssemos a ver as pinturas pela primeira vez’ declara Rita Almada Negreiros, após esta visita que teve como objetivo a partilha da experiência e de alguns dos resultados da campanha analítica ocorrida e julho e setembro deste ano.
A investigadora da UÉ, realça que “o objetivo deste projeto é estudar pela primeira vez com técnicas de imagem e de análise o legado de pintura mural de Almada Negreiros, uma das figuras-chave da vanguarda e do modernismo em Portugal”. Em destaque estão os cinco núcleos de pinturas murais encomendados na cidade de Lisboa entre 1938 e 1956, na Igreja de Nossa Sr.ª do Rosário de Fátima, Edifício DN, estações Marítimas de Alcântara e Rocha do Conde de Óbidos e o Liceu EB Patrício Prazeres.
A identificação e caracterização das técnicas pictóricas, constituintes dos suportes e das camadas cromáticas, e suas implicações nos processos de deterioração para sua conservação futura são essenciais para este projeto transdisciplinar que resulta de uma colaboração conjunta entre o laboratório HERCULES da Universidade de Évora, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC-IJF e DEPOF), o Instituto de História da Arte da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (IHA-FCSH / UNL) e a Administração do Porto de Lisboa (APL).
“Os resultados obtidos ao longo dos três anos serão um passo vital no conhecimento, valorização e conservação da arte da pintura mural de Almada Negreiros” sublinha a investigadora da UÉ, sobre o legado de Almada tendo produzido ao longo da sua vida obras de arte em diversos tipos de material, sendo um dos quais a pintura mural.
Este trabalho é financiado por fundos nacionais através da FCT - Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto PTDC/ART-HIS/1370/2020.
