Morreu o escultor João Cutileiro
João Cutileiro, considerado um dos maiores escultores contemporâneos portugueses faleceu hoje, em Lisboa, aos 83 anos de idade. Ana Costa Freitas, Reitora da Universidade de Évora (UÉ) recorda “o homem cuja criatividade e originalidade marca o seu tempo e que nos deixa um legado ímpar na arte de esculpir”. Doutor Honoris Causa pela Universidade de Évora em 2013, João Cutileiro interveio no espaço público com projetos de arte urbana marcada pelo experimentalismo, abordando temas como o intimismo, o erotismo e o amor.
“A obra de João Cutileiro vai ficar para a posteridade", refere Ana Costa Freitas sublinhando ainda a “coragem e a determinação do escultor de Évora” que revolucionou a estética da estatuária nacional e que subverteu os cânones da estatuária do Estado Novo, de que é exemplo a escultura de D. Sebastião, em Lagos, no ano de 1970.
A Reitora da UÉ recorda ainda “o gesto de boa vontade do escultor” que doou uma parte significativa do seu espólio para a criação da Casa/Atelier João Cutileiro, a qual albergará residências artísticas, workshops e atividades de investigação e será coordenada conjuntamente pela Câmara Municipal de Évora, Universidade de Évora, e Direção Regional de Cultura do Alentejo, o que “demostra o seu empenho no envolvimento da comunidade na cultura e nas artes”.
João Cutileiro iniciou-se nas artes em ateliês de vários mestres e depois de uma breve passagem pela Escola de Belas Artes de Lisboa, rumou à Slade School of Art, em Londres, por influência de Paula Rego, onde se diplomou. No início da década de 1960, Cutileiro regressou a Portugal, tendo recebido, entre outras distinções, a condecoração com a Ordem de Sant'Iago da Espada, Grau de Oficial, em agosto de 1983. Em 2018, recebeu a medalha de mérito cultural, atribuída pelo Governo português.