Esta manhã "A Terra Treme"
Cumpriu-se esta quinta-feira, pelas 11h05, o exercício anual que simula um terramoto. Saber como agir pode fazer a diferença numa situação real, “até porque não podemos impedir a ocorrência de um sismo, mas podemos tentar prevê-lo e tomar as devidas precauções e disposições para minimizar as suas consequências no plano humano” sublinha o Professor da Universidade de Évora, Mourad Bezzeghoud.
“É importante saber como agir antes, durante e depois de um sismo” começa por explicar o Professor do Departamento de Física da Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade de Évora ao considerar “fundamental” o exercício de sensibilização para o risco sísmico «A Terra Treme”, promovido pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, que se realiza na data em que se assinala o Dia Mundial de Sensibilização para o Risco de Tsunami.
A redução do número de vítimas durante um sismo passa, entre outras “por adaptar as estruturas dos edifícios e de outros tipos de obras às solicitações dinâmicas. É o objecto da construção antissísmica”, destaca a este respeito o também investigador do Instituto de Ciências da Terra (ICT) da UÉ, destacando que a prevenção sísmica baseia-se em três pontos: o conhecimento do risco regional, através do estudo da sismicidade histórica e instrumental; a adaptação das estruturas aos movimentos fortes prováveis e a preparação das populações e dos serviços de socorro.
Mas como se localizam os sismos? Mourad Bezzeghoud avança que, “quando um sismo é registado por um conjunto de sismómetros, a primeira utilização que se faz desses dados é a localização do hipocentro”. Esta informação constitui na sua opinião “uma informação fundamental para o conhecimento do sismo e está na base de estudos mais avançados”.
Pela importância que esta área assume na vida das populações, Mourad Bezzeghoud menciona que “existem actualmente no mundo um conjunto de instituições governamentais que o fazem por rotina e divulgam praticamente em tempo real para todos os eventos registados em quase todas as redes sismológicas”.
Atualmente a localização de um sismo “é um processo praticamente automatizado” dado que os sismogramas das estações da rede “chegam ao observatório em tempo real onde observadores treinados identificam (picam) as fases e medem as amplitudes”. Esses dados, como esclarece, “são introduzidos nas rotinas de cálculo automático que, por utilização de métodos numéricos, determinam com precisão a localização do hipocentro”.
Já no que respeita ao tsunami, (em português maremoto), Mourad Bezzeghoud recorda que o nome é de origem japonesa e serve para designar “ondas oceânicas gigantes” que possuem comprimento de onda que varia de 130 a 160 quilómetros e que podem atingir até varias centenas de quilómetros. Estas ondas que têm período que varia entre 15 minutos até mais de 120 minutos e velocidades de propagação maiores que 500 km/h podem alcançar até 1000 km/h, frisa o investigador.
Grande parte do trabalho de Mourad Bezzeghoud incidiu na compreensão do processo de ruptura sísmica utilizando a modelação e análise espectral das ondas de volume, refere ainda que “estas ondas de grandes amplitudes e destrutivas nas linhas de costa, podem ser causadas por terremotos, deslizamento de terra, vulcões submarinos em actividade e impactos de meteoritos”, mas também por uma forte explosão (ex: uma bomba atómica) na superfície do mar.
O investigador afirma ser no Oceano Pacífico onde ocorreram a maioria dos tsunamis, justificando “por ser uma área cercada por actividade vulcânica e frequentes abalos sísmicos”. Por seu lado “desde o Japão até ao Alasca (norte do Oceano Pacífico) existe uma faixa de maior ocorrência de sismos e erupções vulcânicas que originariam os tsunamis mais frequentes do nosso planeta” já no Atlântico “os tsunamis são muito raros”.