Tecnologia e inovação ao serviço do Turismo no Alentejo: PISTA Digital e ASTO da UÉvora revolucionam o setor

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Encontra-se sediado na Universidade de Évora, em particular no CIDEHUS (Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades), o ASTO -  Observatório de Turismo Sustentável do Alentejo, cuja missão é monitorizar a evolução do desenvolvimento sustentável do turismo no Alentejo. Este processo é assegurado pela plataforma tecnológica PISTA Digital, o primeiro sistema inteligente do país a monitorizar o turismo sustentável com base regional e local, o qual se encontra alojado na infraestrutura tecnológica fornecida pelo High Performance Computing Center (HPC) da Universidade de Évora.

Perante os desafios globais que os destinos turísticos,  as empresas e as organizações públicas estão a enfrentar, nomeadamente nas suas dimensões ambiental, cultural, social e económica, surgiu a necessidade de proporcionar aos agentes turísticos uma ferramenta tecnológica que contribuísse para o seu envolvimento na avaliação de oportunidades de investimento, riscos, custos, impactos e limites da sua atividade. Foi como resposta a esta urgência que surgiu o PISTA Digital que procura ser uma ferramenta de apoio às entidades que operam ao nível regional, facilitando a partilha de informação e conhecimento técnico-científico, no âmbito do Turismo Sustentável, produzido pelo ASTO, acrescentando valor na economia regional.

O Observatório de Turismo Sustentável do Alentejo (ASTO) permite monitorizar a evolução do desenvolvimento sustentável do turismo no território do Alentejo NUT II, assumindo a produção de informação como capital fundamental para a capacitação dos agentes turísticos do destino e para o desenvolvimento do sistema de Investigação & Desenvolvimento da região onde se insere. Resulta de uma parceria estabelecida entre a Entidade Regional de Turismo do Alentejo/Ribatejo  e a Universidade de Évora, com o apoio do Turismo de Portugal e o envolvimento do Instituto Politécnico de Portalegre e do Instituto Politécnico de Santarém. Desde 2018 que integra a rede INSTO-UNWTO – Rede Internacional de Observatórios de Turismo Sustentável, liderada pela OMT - Organização Mundial de Turismo desde 2004.

Foi no âmbito deste processo de monitorização que se desenvolveu uma plataforma tecnológica de gestão integrada de dados e informação, designada de PISTA Digital. Apresentando-se como um centro de informação de excelência que inspira os agentes turísticos a transformar o destino Alentejo e Lezíria do Tejo num território mais sustentável e de referência internacional, o PISTA Digital surge como o primeiro sistema inteligente do nosso país  a operar a nível regional sob o conceito de smart and sustainable destination. Para Jaime Serra, investigador responsável do projeto que integra o CIDEHUS-UÉvora, “um dos maiores desafios que se enfrenta atualmente é a capacidade de as pequenas e médias cidades do interior e até de alguns destinos periféricos, de gerir os impactos exercidos pelas pessoas que os visitam. Por outro lado, também a transição digital se apresenta como um grande desafio, principalmente no que diz respeito à forma como as empresas deste setor, sobretudo em regiões rurais como a do Alentejo, se adaptam a estas transformações, quer do lado do consumidor, quer do lado da própria digitalização da cadeia de valor em turismo. Por fim, também as políticas públicas na área de planeamento do turismo regional precisam de apoio para se incorporar, por exemplo, nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pelas Nações Unidas”, conclui.

É neste contexto que se destaca o papel do PISTA Digital que permite agregar a informação que é produzida e disponibilizada por várias entidades públicas e privadas. “Ao agregarmos e tratarmos toda essa informação que normalmente se encontraria dispersa, podemos disseminar os dados diretamente junto dos agentes. Para além disso, conseguimos gerar informação em tempo quase real. Por isso, o PISTA Digital vem apoiar todo o cluster turístico regional a entrar efetivamente numa lógica de transição digital real”, realça Jaime Serra.

Esta infraestrutura tecnológica possibilita a produção de indicadores que são disponibilizados numa webpage de acesso aberto que permite que qualquer cidadão, empresa ou agente público, tenha acesso aos relatórios produzidos pelo PISTA Digital, cujo armazenamento e processamento dos dados é realizado através do Supercomputador Oblivion, presente na infraestrutura tecnológica fornecida pelo High Performance Computing Center (HPC) da UÉvora, capaz de processar volumes massivos de dados (da ordem dos Petabytes, o equivalente a milhões de Gigabytes). O PISTA Digital responde, em tempo quase real, partilhando com apenas 30 minutos de delay, de forma gratuita, informações relativas aos consumos de água, de resíduos e até de consumos energéticos dos hotéis da região que já aderiram ao projeto. Após os 30 minutos necessários para o tratamento de toda esta informação, a mesma é devolvida aos decisores e aos gestores hoteleiros, apresentando-lhe, assim, o seu benchmarking de excelência. Com o PISTA Digital, já é possível calcular o consumo de água por quarto ocupado e por hóspede, num determinado hotel.

“Para além de ser uma ferramenta fundamental no contexto de decisão e de gestão de planeamento dos destinos turísticos, este projeto também incentiva à participação dos residentes no processo de desenvolvimento turístico regional, através de uma inquirição direta que é automaticamente disponibilizada a qualquer cidadão que seja residente na região e para que qualquer decisor autárquico possa utilizá-la na sua decisão estratégica local de turismo”, salienta Jaime Serra. “Por um lado, possibilitamos o ajustamento das decisões relativas aos consumos de água, de energia e de resíduos que são feitos, diariamente, nas estruturas hoteleiras da região, com base nos indicadores de performance que facultamos, e, por outro lado, os Municípios do Alentejo têm o poder de incorporar a opinião dos seus residentes nas políticas públicas que desenvolvem. Falamos de uma real transferência de conhecimento científico e tecnológico para a comunidade civil e para todas as empresas que querem incorporar nas suas decisões de gestão o conhecimento validado pela ciência”, conclui o investigador responsável do projeto.

Em tempo quase real, qualquer cidadão ou autarca ou empresário, pode, através desta plataforma inovadora, conhecer o perfil do visitante que se dirige aos postos de turismo de qualquer município. Mas nada disto seria possível sem o ASTO, que ao desenvolver este conjunto de atividades de monitorização,  permite a comparação dos seus resultados ao nível mundial, com diferentes destinos integrados na rede de observatórios de turismo sustentável liderada pela Organização Mundial de Turismo (UNTourism), sem negligenciar a necessidade de integrar indicadores que traduzam as especificidades económicas, governativas, sociais, culturais e ecológicas da realidade sectorial de cada um dos territórios turísticos.

“Neste momento, o ASTO assume o compromisso de fazer a monitorização em onze áreas perante a Organização Mundial de Turismo, entre as quais: a questão da sazonalidade e do emprego, os benefícios económicos, a gestão ambiental (de águas, resíduos, energia e águas residuais), a satisfação das comunidades locais, a acessibilidade, a governança e as alterações climáticas. Para além destas, inserimos ainda uma outra área que consideramos ser de elevada relevância: o perfil das pessoas que visitam os postos de turismo na região Alentejo”, explica Maria do Rosário Borges, co-fundadora do ASTO e investigadora do CIDEHUS-UÉvora.

“O nosso objetivo é medir e monitorizar o desenvolvimento do destino no que diz respeito à sua sustentabilidade. Para isso, a nossa metodologia é baseada em parâmetros internacionais, no âmbito de uma rede liderada pela Organização Mundial de Turismo, tendo sido de extrema importância integrar a rede INSTO para o destino Alentejo através do Observatório”, destaca ainda Maria do Rosário Borges. Esta rede internacional foi criada em 2004 pela Organização Mundial de Turismo com o objetivo de munir os destinos turísticos de soluções que permitissem gerir os impactos turísticos de melhor forma e para que o setor do turismo fosse mais resiliente. “No caso de Portugal, o projeto piloto, o primeiro observatório em Portugal, foi instalado no Alentejo, permitindo dar voz aos agentes e identificar as necessidades de informação que existem e que são relevantes para a tomada de decisão”, conclui a investigadora do CIDEHUS-UÉvora.

O ASTO apresenta-se, portanto, como um instrumento internacional de produção e medição, que facilita a comparação a nível mundial da performance e progresso entre os diferentes destinos integrados na rede, sem negligenciar a necessidade de integrar indicadores que traduzam as especificidades económicas, governativas, sociais, culturais e ecológicas da realidade sectorial de cada um dos territórios turísticos.

A plataforma do PISTA Digital tem algumas ferramentas que permitem a qualquer residente e turista deixar a sua opinião sobre diversos assuntos relacionados com o desenvolvimento do turismo. Neste sentido, podem contribuir de forma ativa, nomeadamente deixando a sua opinião e comentários para que sejam considerados pelas autoridades com responsabilidades no desenvolvimento do turismo nos destinos.

Acompanhe o desenvolvimento dos trabalhos produzidos no âmbito do ASTO, aqui, e, especificamente pelo PISTA Digital, aqui.

 

Publicado em 17.04.2025