Das lutas anticoloniais às lutas do quotidiano: lugares das mulheres nos 50 anos das independências
Esta Conferência pretende promover o conhecimento e a discussão pública sobre os contributos das mulheres, no contexto das lutas pelas independências - em Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal - e sobre os progressos e recuos ocorridos, nos últimos cinquenta anos, em matéria de participação política e direitos das mulheres, nestes mesmos contextos.
A mobilização e a participação das mulheres nas lutas de libertação contra o colonialismo português não chamaram particular atenção na academia até à última década. As raras investigações realizadas mostram que mesmo que algumas tenham chegado a postos de chefia e de decisão, os países independentes reproduziram rapidamente as relações desiguais de género. Nos mesmos estudos, enunciam-se sentimentos de desilusão e de traição a partir dos relatos dessas mulheres.
À medida que o percurso dos países independentes avançou, a situação da grande maioria das mulheres melhorou, mas não significativamente. As condições políticas e económicas de Estados recém-nascidos não favoreceram a emancipação das mulheres e a estrutura patriarcal do Estado manteve-se. Apesar de um reconhecimento formal dos direitos das mulheres, a sua valorização foi sendo remetida para o mérito individual, desligada de análises de fundo e ações políticas estruturais
Assistiu-se a um apagamento dos papeis das mulheres nas lutas de libertação na memória nacional oficial. O reconhecimento dado à participação feminina na luta de libertação nacional encontra-se limitado a celebrações oficiais e ao reconhecimento público de algumas, vistas como excepcionais, como Titina Silá, na Guiné-Bissau, ou Josina Machel em Moçambique. A invisibilização de muitas outras mulheres que participaram nas lutas de libertação revela como hoje continuam relevantes as lutas pelo seu reconhecimento.
Objetivos:
1) aprofundar os conhecimentos sobre a participação das mulheres nas lutas de libertação e contribuir para um processo de reconhecimento e valorização do seu papel para a independência do seu país;
2) contribuir para uma análise crítica dos cinquenta anos das independências em matéria de avanços e recuos na participação política e na consagração de direitos das mulheres;
3) promover a investigação nesta área do conhecimento;
4) divulgar o tema junto de públicos não-especializados, fomentando um debate alargado nas sociedades em questão.
A entrada é livre para as sessões da manhã e de cinema. No entanto, devido a limitação de espaço, é necessária inscrição nas Rodas de conversa.
Envie e-mail para mulheresindependencias@uevora.pt até 15 de setembro de 2025.
A sessão de abertura do congresso contará com a participação de Hermínia Vasconcelos Vilar, Reitora da Universidade de Évora; Sílvia Roque (UÉvora) - cocoordenadora da Conferência e de Celeste Fortes (Uni-CV/Cabo Verde) - cocoordenadora da conferência que conta com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.