Mulheres na Ciência 2023
Perguntamos às nossas cientistas que mensagem pretendem transmitir à nova geração no dia em que assinalamos o Dia Internacional das Mulheres e Raparigas na Ciência. Instituído a 11 de fevereiro pela Assembleia Geral das Nações Unidas, este dia visa incentivar e promover o acesso de todas as raparigas e mulheres à formação e educação na área das ciências.
“Sigam os vossos sonhos, arregacem as mangas e nunca desistam, pois, a pesquisa é feita de 90% de suor e 10% de criatividade. Sejam sempre fiéis à verdade e persigam-na pela vida fora, pois a maior recompensa que podem receber é a satisfação de terem realizado um trabalho profundo e honesto. E por último, aprendam a lidar bem com a incerteza, fazendo sempre o melhor que possam face aos dados que dispõe no momento, lembrem-se que errar, mais que humano, é biológico, até o DNA se engana ao replicar-se.”
Celeste Santos e Silva
Bióloga de vocação e formação, divide os seus interesses entre a Flora e o Funga.
MED-UÉ
“ Desde pequena que as idas à maré com a minha família eram frequentes, onde podia observar e brincar com os meus "amiguinhos" da maré; e assistir regularmente documentários de natureza na televisão começaram a criar um gostinho especial pela biologia marinha, pela natureza... Mais tarde, na escola, principalmente no secundário, a matéria e a excelente professora de biologia que tive levaram a que fosse essa a minha escolha profissional .”
Cristina Espírito Santo
Bióloga Marinha e Ilustradora Científica.
MARE-UÉ
“ Cresci numa altura em que a oferta televisiva era bastante redutora e lembro-me de ver os documentários do Jacques Costeau e do David Attenborough desde sempre religiosamente ao fim de semana e adorar. Quando tinha 12 ou 13 anos fui ao Museu de História Natural, em Londres, e numa ala do museu passamos pelos laboratórios e vimos os cientistas a trabalhar in loco . Lembro-me de ter gostado e de ter pensado que era aquilo que queria fazer. Durante a licenciatura em Biologia acabei por contactar com vários cientistas que, um pouco à sua maneira, me foram inspirando a seguir esta carreira. ”
Ana Mafalda Gama
Bióloga, especialista em monitorização de espécies dulçaquícolas (de água-doce).
MARE-UÉ
“ Pode ser um cliché, mas nunca desistam dos seus sonhos. O nosso género não é algo que nos define, é só mais uma característica das muitas que definem cada indivíduo .”
Mafalda Costa
Geoquimica e Ciências para o património cultural.
Laboratório HERCULES-UÉ
“Acima de tudo que sejam persistentes. Nalgumas áreas, como a área onde desenvolvo trabalho, os homens são em maior número, mas não se deixem intimidar. É fácil sentimo-nos isoladas e diferentes, mas a diferença pode tornar-se uma vantagem. Hoje em dia, mais do que nunca, é essencial trabalhar em equipa e a diversidade nas equipas é importante para que haja sucesso. Numa equipa onde haja diversidade podem potenciar-se as diferentes competências de cada um dos seus membros, promovem-se mais ideias e há uma maior representatividade da sociedade e das suas necessidades. Olhem à volta e inspirem-se no que se faz de melhor e na "muito boa Ciência" que muitas mulheres investigadoras desenvolvem.”
Isabel Malico
Bioenergia e mecânica de fluidos computacional.
Centro de Engenharia Mecatrónica-UÉ
“Tenham muita, muita curiosidade e nunca, mas nunca desistam do sonho! ”
Célia Antunes
Ciências e Tecnologias da Saúde: Saúde e Ambiente, Ciências Biomédicas.
ICT-UÉ
“É um caminho cheio de desafios, e nem sempre depende apenas de nós ultrapassar obstáculos, mas vale a pena quando queremos encontrar respostas para as nossas próprias curiosidades, para as curiosidades do mundo e para os problemas da sociedade.”
Natália Melo
Assistente de investigação Arteria_lab. IHC-UÉ
“ A mensagem que gostaria de partilhar com quem está a ler, independentemente do género, etnia, ou estatuto social é que com trabalho, dedicação e resiliência é possível alcançar meios e oportunidades que abrem um caminho para alcançar a visão que temos e os projetos em que acreditamos. Temos a responsabilidade de contribuir para um mundo melhor e tudo o que fazemos faz a diferença. O caminho pode não ser fácil mas será certamente recompensador .”
Esmeralda Pereira
Estudo das migrações piscícolas e restauro da conectividade fluvial.
MARE-UÉ
“Que persistam. É a única forma de continuar, e mais sendo mulher. Podemos ter o melhor currículo, ter estudos magníficos ou ser premiadas, mas normalmente chamam um homem. Na minha interpretação e pela minha experiência, por diversos motivos relacionados com o género, estereótipos, e pensamentos inconscientes nascidos do imaginário do poder, os homens continuam a ser muito mais requeridos, mesmo que tenham um curriculum ou resultados inferiores. As percentagens que revelam a desigualdade em Espanha e Portugal não são casualidade, respondem a padrões estruturados na nossa cultura, mediante práticas forjadas e reproduzidas há gerações. As mulheres são estudantes magníficas mas tendem a desaparecer da carreira universitária. Quando é preciso pensar em alguém para um lugar de poder, com frequência é um homem, questão que atualmente está a mudar quando se procura a paridade. A desigualdade desaparecerá quando a paridade não for forçada. Até esse momento, as mulheres cientistas devem persistir mesmo que tenham menos oportunidades doque os homens. E as mulheres que estão nos lugares de poder devem prestar o seu apoio ativo para que esta evolução seja eficaz, equilibrada e justa.”
Maria Zozaya Montes
História social e cultural da Península Ibérica da época contemporânea.
CIDEHUS-UÉ