OPHELIA MACHINE
OPHELIA MACHINE de Magda Romanska,
Num palco fragmentado entre ruínas tecnológicas, relíquias simbólicas e estilhaços de memória coletiva, desenrola-se Opheliamachine: uma tempestade de delírios poéticos, narrativas entrecortadas e confrontos íntimos.
Inspirada na Ophelia de Hamlet, esta peça desconstrói a figura trágica da mulher silenciada.
Ofélia já não é apenas a amada que enlouquece e se mata por amor: ela é todas as mulheres, e nenhuma; ela é a identidade onde se fundem todas as vozes femininas: soldado, noiva, cadáver e máquina. Ela é produto, protesto, pornografia e poesia. Ela é Mulher!
Enquanto Hamlet observa o mundo passivamente, preso entre os vídeo jogos e a impotência emocional, Ofélia escreve. Escreve-se. Reescreve-se. Reclamando o seu lugar na vida, rasgando cada costura do vestido que a prende numa identidade imposta pelo que é o lugar e dever da mulher na questão do afeto, do sexo e da maternidade.
Ao fundir vozes, géneros, tecnologias e tempos, Opheliamachine questiona o lugar da mulher num mundo que a consome e recicla como produto defeituoso.
Num cenário onde tudo colapsa, que representa tão perfeitamente o mundo nos dias hoje resta apenas uma pergunta:
Como se sobrevive quando o próprio corpo é território ocupado?