Valorização das Variedades de Oliveira Portuguesas
- Universidade de Évora(líder)
- CEBAL - Centro de Biotecnologia Agrícola e Agro-Alimentar do Alentejo(parceiro)
- INIAV - Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária(parceiro)
- Instituto Politécnico de Portalegre - Escola Superior Agrária de Elvas(parceiro)
Resumo
Para um país que representa apenas 5% do mercado mundial de azeite, manter a tipicidade do produto é fundamental e só pode conseguir-se com a utilização das variedades autóctones. Isso implica um conhecimento aprofundado das suas características culturais e a melhoria da sua performance produtiva. Caracterizar, melhorar e certificar o material vegetal dessas variedades é por isso obrigatório.
Objetivos, atividades e resultados esperados/atingidos
O Alentejo contribui atualmente com 50% da produção de azeitona a nível nacional e, por isso, a olivicultura foi identificada como um domínio da estratégia de I&I para uma especialização inteligente (RIS3) a nível regional. Neste enquadramento, a operação proposta tem como objetivo geral avaliar e melhorar o potencial produtivo das principais variedades regionais de oliveira (‘Galega vulgar’, ‘Cobrançosa’, ‘Verdeal Alentejana’, ‘Cordovil de Serpa’, ‘Azeiteira’, ‘Blanqueta’, ‘Carrasquenha de Elvas’), com vista à sua utilização em sistemas de produção intensiva. Para que esse objetivo possa atingir-se, é essencial o desenvolvimento de linhas de trabalho multidisciplinares, capazes de proporcionar um avanço significativo ao nível do conhecimento fundamental da química do azeite e da genética, reprodução, biologia e fisiologia do desenvolvimento, das variedades em estudo.
Atividades: Tarefa 1. Caracterização morfológica e agronómica de variedadesO objetivo final da tarefa é a caracterização do desempenho das principais cultivares de oliveira portuguesas presentes na NUTII: ‘Azeiteira’, ‘Blanqueta de Elvas’, ‘Carrasquenha’, ‘Cobrançosa’, ‘Cordovil de Serpa’ e ‘Verdeal Alentejana’. Esta tarefa será implementada na Coleção Portuguesa de Referência de Cultivares de Oliveira (CPRCO) instalada na Herdade do Reguengo do INIAV, Elvas. As oliveiras destas cultivares foram plantadas em 2012 num compasso 7x5m e são regadas. Para cada cultivar existem seis repetições de duas árvores distribuídas aleatoriamente na área da parcela de 2ha.
Tarefa 2. Estudos de orientação para a produçãoO objetivo final desta tarefa é obter informação sobre o comportamento das variedades de oliveira em estudo (‘Galega vulgar’, ‘Cobrançosa’, ‘Verdeal Alentejana’, ‘Cordovil de Serpa’, ‘Azeiteira’, ‘Blanqueta’, ‘Carrasquenha de Elvas’) em diferentes condições edafo-climáticas e sujeitas a diferentes práticas culturais usuais na região. Para o efeito serão instaladas talhões experimentais (3 a 5 consoante a heterogeneidade dos olivais) de 4 oliveiras em 5 olivais intensivos de regadio em produção, nas localidades de Elvas (2), Campo Maior, Monforte e Serpa, procurando, sempre que possível, acompanhar a mesma variedade em dois locais. Os estudos abarcarão, para a maioria das sub-tarefas/observações, 3 campanhas olivícolas. No final da operação, pretende-se ter um conjunto de informações sobre as variedades em estudo que permitam complementar as fichas de caracterização agronómica e morfológica, fornecendo informação valiosa aos olivicultores e às suas organizações quanto à adaptação, resposta às práticas culturais e às condições climáticas e de produção das variedades em estudo.
Tarefa 3. Avaliação da qualidade sanitária do material vegetal e melhoramento para resistência a doençasPretende-se com esta tarefa, por um lado, avaliar a qualidade sanitária do material vegetal que está a ser caracterizado pelas equipas responsáveis pelas tarefas 1 e 2, e, por outro, desenvolver uma estratégia que permita a sua proteção contra duas da principais doenças que atualmente preocupam os olivicultores portugueses, uma, a ‘Gafa’, pela sua conhecida capacidade para provocar perdas significativas de produção, a outra, a Xylella, porque causa a morte das plantas e a sua chegada a Portugal parece inevitável.
Tarefa 4. Limpeza sanitária e propagaçãoO objetivo final desta tarefa é obter material vegetativo de qualidade das cultivares em estudo, otimizar as condições necessárias para a sua multiplicação em larga escala e iniciar o processo da sua certificação. Para atingir esse objetivo, a tarefa apresenta-se dividida em duas sub-tarefas. A primeira, relacionada com a limpeza sanitária de genótipos selecionados das cultivares em estudo, é uma tarefa essencialmente prática, enquanto a segunda assenta em estudos de investigação fundamental, relacionados a formação de raízes adventícias, sendo os dados a recolher fundamentais para se atingir o objetivo final da tarefa. A segunda sub-tarefa, foi dividida em linha temáticas, por forma a facilitar a explicação da mesma e a possibilitar uma melhor compreensão da sua interligação.
Tarefa 5. Caracterização química de azeitesNão obstante seja frequente ouvir referências às virtudes e à elevada qualidade do azeite produzido pelas cultivares regionais de oliveira Portuguesas, quando comparado com o produto obtido a partir de cultivares não autóctones, recentemente introduzidas, a verdade é que não existem dados concretos que, ao nível da análise química/organolética, suportem estas afirmações. É no sentido de poder apoiar ou refutar cientificamente estas afirmações, que se pretende
Resultados:Ao nível dos indicadores de resultados, para além de um significativo número de publicações e comunicações, tanto a nível nacional como internacional, do registo de variedades autóctones de oliveira no catálogo nacional de variedades e de potenciar a dinamização e a competitividade de empresas do setor olivícola, a operação prevê o registo de duas patentes internacionais, uma relativa à ferramenta biológica para controlo dos principais fungos causadores da gafa em azeitona e outra relativa à ferramenta biológica para controlo da bactéria Xylella fastidiosa em oliveira.