Pensamento Português Contemporâneo
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Objetivos de Aprendizagem
Para o filósofo francês Alain Badiou (1937-), a filosofia dos nossos dias «não pensa ainda à altura de Pessoa». Que significa esta afirmação? Que implicações decorrem dela? Que articulação se deverá fazer entre ela e o pensamento português contemporâneo?
Não restam dúvidas que Fernando Pessoa (1888-1935) constitui uma figura central da literatura e cultura do século XX, quer no plano nacional, quer na chamada cultura ocidental. A influência de Pessoa na cultura portuguesa do nosso tempo é mesmo iniludível. Mas – perguntar-se-á – qual a sua verdadeira importância para o pensamento português contemporâneo? E ainda: de que modo as contribuições deste mesmo pensamento português contemporâneo ajudam, ou não, a responder, hoje, ao desafio lançado por Badiou?
No âmbito do Mestrado em Filosofia da Universidade de Évora, vertente Filosofia Contemporânea, considerou-se relevante estudar, na unidade curricular de Pensamento Português Contemporâneo, estas e outras questões afins. Assim, decidiu-se privilegiar as leituras filosófica que autores como Eduardo Lourenço e José Gil efectuam da obra de Pessoa. Contudo, essas leituras necessitam de ser enquadradas no contexto das discussões estéticas e teóricas que, praticamente desde a altura da morte do poeta, se foram sucedendo ao longo das décadas seguintes. Nesse debate, poetas, ensaístas, críticos literários desempenharam um papel relevantíssimo que não pode ser menosprezado.
Conteúdos Programáticos
Introdução.
1– Uma tarefa filosófica contemporânea: Alain Badiou e Fernando Pessoa.
2 – Pessoa e o modernismo poético de Orpheu.
3 – Leituras histórico-filosófico-literárias do universo Pessoa:
3.1.) A carta sobre a génese dos heterónimos
3.2.) Presencismo(s) e Pessoa
3.3.) Neo-realismo (s) e Pessoa
3.4.) Poetas lêem Pessoa (Adolfo Casais Monteiro, Jorge de Sena, Sophia de Mello Breyner, Manuel António Pina)
3.5.) Pessoa revisitado por Eduardo Lourenço
3.6) Outros leitores, outras leituras (Octavio Paz, Leyla Perrone- Moisés, Eduardo Prado Coelho)
3.7.) José Gil, leitor-filósofo de Pessoa
4 – Poesia e filosofia em Portugal depois de Pessoa
Métodos de Ensino
O método de trabalho a usar ao longo do semestre será o seguinte: leitura, análise e discussão de textos previamente distribuídos pelo docente.
Bibliografia
A unidade curricular de Pensamento Português Contemporâneo parte do pressuposto que os estudantes dispõem de um conhecimento mínimo da obra poética de Fernando Pessoa de que há no mercado variadíssimas edições, com características bastante distintas. No entanto, para quem não conhecer minimamente a poesia de Pessoa ou necessitar de fazer uma releitura, aconselha-se a consulta de uma antologia. Dão-se aqui dois exemplos de edições que facilmente se encontram. É o caso da já clássica selecção feita por Adolfo Casais Monteiro, logo em 1942, recentemente reeditada (Poesia de Fernando Pessoa,Lisboa, Presença, 2006, introdução e selecção de Adolfo Casais Monteiro) ou de uma recolha mais actual: Poemas de Fernando Pessoa (Visão-JL, 2006, selecção, prefácio e posfácio de Eduardo Lourenço).
BIBLIOGRAFIA GERAL
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Andresen, Sophia de Mello Breyner (1975). Antologia, Lisboa, Moraes, 4ª edª aumentada.
Badiou, Alain (1999). Pequeno Manual de Inestética, Meditações Filosóficas, vol. II, Lisboa, Instituto Piaget, trad. do francês por Joana Chaves.
Coelho, Eduardo Prado (1979). A letra litoral – Ensaios sobre a literatura e o seu ensino, Lisboa, Moraes.
Coelho, Eduardo Prado (1984). A mecânica dos fluidos – Literatura, cinema, teoria, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda.
Coelho, Eduardo Prado (1988). A noite do mundo, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda.
Coelho, Jacinto do Prado (1949). Diversidade e Unidade em Fernando Pessoa, Lisboa.
Gil, José (1999). Diferença e Negação na poesia de Fernando Pessoa, Lisboa, Relógio d’Água.
Gil, José (2013). Cansaço, Tédio, Desassossego, Lisboa, Relógio d’Água.
Gil, José (s/d). Fernando Pessoa ou a Metafísica das Sensações, Lisboa, Relógio d’Água, trad. do francês por Miguel Serras Pereira e Ana Luísa Faria.
Lourenço, Eduardo (1973). Pessoa Revisitado – Leitura Estruturante do Drama em Gente, Porto, Inova.
Lourenço, Eduardo (1974). Tempo e Poesia, Porto, Inova.
Lourenço, Eduardo (1983). Poesia e Metafísica – Camões, Antero, Pessoa, Lisboa, Sá da Costa.
Lourenço, Eduardo (1986). Fernando – Rei da Nossa Baviera, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda.
Lourenço, Eduardo (2004). O Lugar do Anjo – Ensaios Pessoanos, Lisboa, Gradiva.
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Paz, Octavio (1992). Fernando Pessoa – o desconhecido de si mesmo, Lisboa, Veja, trad. do espanhol por Luís Alves da Costa.
Perrone-Moisés, Leyla (1990). Fernando Pessoa – Aquém do eu, além do outro, São Paulo, Martins Fontes.
Pessoa, Fernando (1998). Correspondência 1905-1922, Lisboa, Assírio & Alvim.
Pessoa, Fernando (1999). Correspondência 1923-1935, Lisboa, Assírio & Alvim.
Pessoa, Fernando (2000). Crítica – Ensaios, Artigos e Entrevistas, Lisboa, Assírio & Alvim.
Pina, Manuel António (2007). Dito em voz alta – Entrevistas sobre literatura, isto é, sobre tudo, Coimbra, Pé de Página.
Régio, José (1977). Páginas de doutrina e crítica da presença, Porto, Brasília, 1977.
Sacramento, Mário (1959). Fernando Pessoa – Poeta da Hora Absurda, Lisboa, Contraponto.
Sena, Jorge de (2000). Fernando Pessoa & Cª Heterónima (Estudos Coligidos 1940-1978), Lisboa, Edições 70.
Silva, Agostinho (1996). Um Fernando Pessoa, Lisboa, Guimarães, 3ª edª.
Simões, João Gaspar (1950). Vida e Obra de Fernando Pessoa, Lisboa.
Simões, João Gaspar (1973). Heteropsicografia de Fernando Pessoa, Porto, Inova.