2023

Introdução à Arquitetura Islâmica e do Espaço do Magrebe

Nome: Introdução à Arquitetura Islâmica e do Espaço do Magrebe
Cód.: ARQ02541I
3 ECTS
Duração: 15 semanas/78 horas
Área Científica: Arquitectura

Língua(s) de lecionação: Português, Inglês
Língua(s) de apoio tutorial: Português, Inglês
Regime de Frequência: Presencial

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Objetivos de Aprendizagem

1. Objectivos


 


A Unidade Curricular é Teórica e decorre do objectivo de que para um melhor conhecimento da historia e da arquitectura é necessário obter uma perspectiva mais abrangente dos factores multiculturais que influenciam os vários métodos conceptuais e de apropriação do espaço urbano, do espaço domestico e do espaço religioso. Nesse sentido as arquitecturas do “Sul e do Mediterrâneo” constituem um exemplo de permanência e de adaptação a diferentes culturas e religiões associando a uma tradição construtiva uma erudição geométrica de rara precisão e sentido estético.


Neste contexto e porque investigação nesta área ainda é escassa por parte do campo disciplinar da arquitectura, surge a pertinência de um olhar baseado no desenho e fundamento em fontes históricas e em visitas de campo de modo a que uma pedagogia da interpretação possa ser formada no campo da arquitectura islâmica.


A metodologia de trabalho da Unidade Curricular procura igualmente realizar uma síntese de vários saberes no sentido de simular o trabalho de atelier no domínio do cruzamento das áreas da historia, da arquitectura, da arqueologia e do desenho. Nesse sentido os alunos são convidados a escolher ou uma estrutura urbana de fundação Islâmica ou um edifício de fundação islâmica, de modo a que possam realizar um trabalho de levantamento de fontes mas onde o desenho adquire particular importância por colocar o “objecto” em diferentes escalas e desse modo obrigando a várias interpretações alicerçadas pela leitura da correspondente bibliografa. O uso a tecnologias de representação digital em particular da utilização de prototipagem em 3D e sistemas GIS é também sugerida.


Durante o ano será realizada uma visita de estudo ao Campo Arqueológico de Mértola e outra a local a definir de acordo com os trabalhos a realizar pelos alunos. À Bibliografia principal referenciada será dada bibliografia especifica em cada aula, de acordo com o conteúdos da aula e trabalhos.


 


A unidade curricular assenta, em termos do desenvolvimento dos conteúdos, em três objectivos principais:


1. Reconhecimento das características dos espaços urbanos das cidades do período islâmico.


2. Identificação das principais tipologias arquitectónicas das cidades islâmicas.


3. Identificação das características essenciais da arquitectura do período islâmico.


4. Identificação das principais estruturas Islâmicas no contexto Português.

Conteúdos Programáticos

2. Programa/Conteúdos programáticos


A unidade curricular está organizada em unidades temáticas, correspondendo cada aula a uma área específica:


1. Questões teóricas e metodológicas


2. Portugal Islâmico: uma perspectiva histórica


3. O património islâmico em Portugal


4. Topografia e urbanismo das cidades islâmicas no ocidente


5. Espaços militares


6. Arquitectura popular


7. Espaços palatinos


8. Espaços religiosos


9. Banhos e mercados das cidades islâmicas


10. A água e a arquitectura no mundo islâmico ocidental


11. Arte mudéjar


12. Arquitectura contemporânea em cidades Islâmicas


 


 


 


UNIVERSIDADE DE ÉVORA I DEPARTAMENTO DE ARQUITECTURA I 2015-2016


 


ARQ2541ARQ.ISLAMICA


ENUNCIADO TRABALHO


    


 


Fernando Branco Correia (fbc@uevora.pt)


João Rocha (rjoao@uevora.pt) (Resposável)


Horário: 3ª feira 10:00h-13:00h ST4


 


 


 


fig1.mapa, 1530.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


Fig 2. Google: Foto aérea do Estreito de Gibraltar


 


Contexto Histórico (síntese)


O estudo da presença Islâmica no Sul de Portugal, Garb-al-Andalus, corresponde aproximadamente aos limites da antiga Lusitânia, não pode estar dissociado da relação geográfica e histórica com o estreito de Gibraltar, e com as migrações que milenarmente se estabeleceram nesta região.


O estreito de Gibraltar, constitui-se como a única abertura entre o mar Mediterrâneo e o oceano Atlântico e em poucos lugares do mundo se observam tantos contrastes sociais e culturais numa distância tão curta.


Na Antiguidade esta zona está associada à mitologia Grega e aos Pilares de Hércules. Posteriormente, o estreito, assim como o rochedo, recebeu o nome do general berbere Tárique passando a chamar-se Gibraltar (do árabe translit., Jebel Tariq, "montanha de Tárique". Em 711, Tárique atravessou o estreito, comandando a primeira incursão muçulmana à Península Ibérica.


No ano de 708 exércitos tribais islâmicos comandados por Musa ibn Nusair atingem o litoral atlântico de Marrocos. No lado Norte do Estreito estava o Reino Visigótico que vivia uma profunda crise politica, social e religiosa e uma pratica económica muito baseada na escravatura. O aproximar dos exércitos Islâmicos da costa Norte de África e a diminuição da força politica do reino Visigótico  do Rei Rodrigo em Toledo criaram as condições para que em 710 se realizasse o primeiro desembarque no Sul da Hispânia sob o comando de Tarif, desembarcando na ilha que recebeu o seu nome, Tarifa.


Em 711 Tarik ibn Ziyad, realiza um grande desembarque que deu lugar à batalha junto do rio Guadalete onde o exército do Califado Omyada triunfou contra os homens do Rei Rodrigo. No comando das tropas muçulmanas que ficaram na Península após divisão pela conquista das cidades de Córdoba, Sevilha, Granada, ficou Abd al-Aziz ibn Musa que escolheu Sevilha para sua capital tendo depois conquistado Beja, Évora, Lisboa. Foi o primeiro governador de Al-andaluz 714-716.


 


 


Problemática


As relações culturais e históricas entre o Sul da Península Ibérica e o Norte de África apresentam matrizes de uma legado que urge interpretar particularmente a nível do espaço urbano e arquitectónico. Esse legado é também consequência de um território de continuidade que apesar de fracturado pelo estreito apresenta uma relação de um todo que teve permanência nas várias etapas socais e politicas de que foi palco. Por outro lado, a emergência de um novo “retrato social”, muitas vezes resultado da fragmentação de espaços e discursos políticos, tem gerado vários tipos de tensões e conflitos que de um modo muito claro também se fazem sentir neste lugar. Deste modo o trabalho permitirá contribuir para uma leitura holística sobre a natureza(s) destes lugares podendo igualmente reflectir sobre os modos de como a arquitectura, pode surgir como um elemento agregador de várias entidades.


 


Trabalho


Investigar através do desenho, a várias escalas, as características urbanas e históricas de quatro cidades no Garb-al-Andauz.


Cada grupo deve realizar para cada apresentação marcada nas datas de avaliação *, uma síntese do estado da sua pesquisa, no que refere aos seguintes tópicos:


a) Cartografia histórica (correctamente identificadas as referencias e fontes)


b) Fotografias históricas, (correctamente identificadas as referencias e fontes)


c) Desenhos da topografia do terreno (plantas históricas, plantas de cadastro, cartas militares, desenhos dwg, ortofotomapas).


d)Tabela síntese dos elementos arquitectónicos mais significativos do lugar de estudo, com respectivo contexto histórico.


e) Lista (revisão da literatura) da bibliografia principal consultada (e a consultar). Referir Bibliotecas, arquivos, centros de investigação.


 


Temas


Cidade de Tavira


Cidade de Faro


Cidade de Lagos


Cidade de Silves


 


A apresentação final far-se-á através de painéis A1 em numero de 5, onde os elementos descritos acima são apresentados de um modo coerente e acompanhados de um texto síntese com referencias bibliográficas obrigatórias. Outros elementos de trabalho como maquetas, vídeos, 3D são aconselháveis.


 


 


Referencias Bibliográficas iniciais:


 


Kennedy, Hugh (1996). Os Muçulmanos na Península Ibérica. História Politica do al-Andalus.


Lisboa: Publicações Europa América.


 


Coelho, António Borges (2010). História de Portugal. Volume I. Donde Viemos.


Lisboa: Caminho.


 


Coelho, António Borges (1972). Portugal na Espanha Árabe. Volume I.


Lisboa: Seara Nova.


 


Paredes, Villada, Fernando (2009). Historia de Ceuta. De los orígenes al año 2.000. Instittuto de Estúdios Ceutis.


 


Pavon Maldonado, Basílio (1993). Ciudades y fortalezas lusomusulmanas : crónicas de viajes por el sur de Portugal. Madrid: Agencia Española de Cooperación Internacional.


 


 


 


 


Referencias Web:


Instituto de Estúdios Ceutis


www.ieceuties.org


 


Escuela de Estúdios Árabes


www.eea.csic.es/


 


Junta de Andalucia


www.juntadeandalucia.es           


 


ArchNet


http://archnet.org


 


Bibliotheque national de France


http://www.bnf.fr


 


Biblioteca Nacional


http://www.bnportugal.pt/


 


British Library


http://www.bl.uk/


 


Campo Arqueológico de Mértola


www.camertola.pt/


 


Museum with no Frontiers


http://www.museumwnf.org/


 


 


Constituição dos Grupos de Trabalho


1. (Tavira) 


Elisabete Pinho


Cláudio Velez


 


2. (Faro)


Joana Costa


Tiago Soldado


 


3. (Lagos)


Cláudio Cabrita


Susana Café


 


4. (Silves)


Giuseppe Gottuso


Hugo Viegas


 


 


Calendarização de entregas:


Discussão dos Temas para trabalho: 20 de Outubro.


1ª Entrega: entrega da proposta de trabalho: 17 de Novembro :20% da Avaliação.


2ª Entrega de trabalho: 03 Dezembro: 25% da Avaliação


3ª Entrega de trabalho: 15 de Dezembro: 25% da Avaliação


4ª Entrega de trabalho final e apresentação:  12 Janeiro: 30% da Avaliação.


Nota: Haverá um exame final escrito para melhoria de nota ou recurso: 27 Janeiro


 


 


Informação Complementar:


Todas as exposições «Algarve: do Reino à Região» 2010:
 
• Lagos: «O Reino dos Algarves de Aquém e para Além Mar» / «Algarbia Cartographica» – Dois núcleos retratam o Algarve como local de partida e de chegada.
Forte Ponta da Bandeira e Museu Municipal Dr. José Formosinho


• São Brás: «Sombras e Luz: o século XIX no Algarve» – Um edifício oitocentista recria vivências domésticas, sociais e laborais. Museu do Trajo


• «Manuel Teixeira Gomes: entre dois séculos e dois regimes» / «Portimão nos Alvores do século XX» – Percurso na viragem do século XIX, entre a Monarquia e a I República, e sobre a vida e obra de Manuel Teixeira Gomes. Museu de Portimão


• Faro: «Os Descobrimentos Portugueses» – Evocação aos desenvolvimentos que permitiram o sucesso das navegações além-mar. Museu Marítimo Almirante Ramalho Ortigão


• Loulé: «Mendes Cabeçadas e a I República no Algarve» – Visão sobre o republicanismo português no Algarve. Museu Municipal


• Albufeira: «Outras Viagens, Outros Olhares» – Percurso desde os primórdios do turismo à actualidade. Museu Municipal de Arqueologia


• Tavira: «Cidade e Mundos Rurais» – Perspectiva multidisciplinar sobre os usos do território e a relação da cidade com o interior. Museu Municipal


• Silves: «Do Gharb ao Algarve: uma Sociedade Islâmica no Ocidente». Uma centena de peças ajudam a contar a história de um território. Casa da Cultura Islâmica e Mediterrânica / Museu Municipal de Arqueologia


• Faro: «Algarve Visionário, Excêntrico e Utópico» – O século XX como campo de pesquisa, caracterizando o Algarve enquanto lugar de criação. Museu Municipal


• Olhão: «Os Compromissos Marítimos no Algarve» – Um olhar sobre os Compromissos Marítimos, também conhecidos por Irmandades. Museu da cidade


• «Vila Real de Santo António e o Urbanismo Iluminista» – Exposição ao ar livre sobre a matriz iluminista da cidade. Org.: Câmara Municipal de VRSA


• «Castro Marim, Baluarte Defensivo do Algarve» – Exposição ao ar livre dedicada às questões do território e defesa. Org.: Câmara Municipal de Castro Marim


• «Alcoutim, Terra de Fronteira» – Exposição ao ar livre onde é mostrada a importância do rio e as relações com Espanha. Org.: Câmara Municipal de Alcoutim


 

Métodos de Ensino

Métodos de ensino baseados em conjuntos de aulas com aopoio audovisual, e leitura de textos. Convite a especialistas para realizarem Palestras no contexto dos conteudos programáticos da UC e a realização de visitas de estudo. Ensino baseado tambem em metodologia de investigação em torno dos temas do trabalho a realizar e de caracter multidisciplinar.

Avaliação

 


4. Avaliação


 


UC em sistema de “Avaliação continua” assenta na realização de um trabalho Teórico-Prático (trabalho de pesquisa escrito e desenhado) com quatro elementos fundamentais de avaliação. Este trabalho é realizado em grupo máximo de quatro alunos e elaborado consoante enunciado especifico e em anexo a este Programa.


Calendarização de entregas:


Discussão dos Temas para trabalho: 20 de Outubro.


1ª Entrega: entrega da proposta de trabalho: 17 de Novembro :20% da Avaliação.


2ª Entrega de trabalho: 03 Dezembro: 25% da Avaliação


3ª Entrega de trabalho: 15 de Dezembro: 25% da Avaliação


4ª Entrega de trabalho final e apresentação:  12 Janeiro: 30% da Avaliação.


Nota: Haverá um exame final escrito para melhoria de nota ou recurso: 27 Janeiro

Bibliografia

3. Bibliografia Principal


 


AAVV, Terras da Moura Encantada: Arte Islâmica em Portugal. Porto: Livraria Civilização Editora,1999.


BAKER, Philippe (ed.) Architecture and Polyphony: Building in the Islamic World Today. Aga Khan Award for Architecture. London: Thames & Hudson, 2004.


BARRUCAND, Marianne. Moorish Architecture in Andalusia. Koln: Benedikt Taschen Verlag, 2007.


DE CAMPOS, Correia. Arqueologia Árabe em Portugal. Lisboa, 1965.


COELHO, António Borges. Donde Viemos. História de Portugal. Vol I. Lisboa, Editorial Caminho, 2010.


DIAS, Pedro. Arquitectura mudéjar portuguesa: tentativa de sistematização. In, “Mare Liberum”, nº 8, Dezembro 1994. Lisboa, CNCDP. pp 49-89.


GABRIELI, Francesco., CHIAUSSI, Gioia.,CERQUA, Clelia. Maghreb Medieval. L´Apogée de la civilization Islamique dans l´Occident arabe. Edisud, 1991.


GRABAR, Oleg. La Formación del arte Islâmico, Madrid: Ediciones Cátedra, 1973.


GRABAR, Oleg. La Alhambra: Iconografia, formas y valores. Madrid: Alianza Editorial, 2003. (1978).


HOAG, John D,  Western Islamic Architecture. London: Prentice Hall International, 1963.


FATHY, Hassan. Natural energy and vernacular architecture: principles and examples with reference to hot arid climates. Edited by Walter Shearer and Abd-el-rahman Ahmed Sultan. Chicago: University of Chicago Press, 1986.


KENNEDY, Hugh, Os Muçulmanos na Península Ibérica. A História Politica do al-Andalus. Lisboa: Publicações Europa-América, 1999.


MACIAS, Santiago. Mértola Islâmica. Campo Arqueológico de Mértola, 1996.


PAVON MALDONADO, Basílio. Ciudades hispanomusulmanas, Madrid: Editorial Mapfre, 1992.


PAVON MALDONADO, Basílio Ciudades y fortalezas lusomusulmanas : crónicas de viajes por el sur de Portugal. Madrid: Agencia Española de Cooperación Internacional, 1993.


PETRUCCIOLI, Attilio. After Amnesia. Learning from the Islamic Mediterranean urban fabric. Bari: ICAR, 2007.


RABBAT O. Nasser (Editor). The Courtyard House. from Cultural Reference to Universal Relevance. Ashgate, 2010.


SOARES, Miguel de Aragão, O Espaço Ibero-Magrebino Durante a Presença Árabe em Portugal e Espanha. Lisboa, 2012.


TORRES, Cláudio. O Garb al-Andaluz. In, “História de Portugal” (dir. de José Mattoso), vol. 1, Lisboa: Círculo de Leitores, 1992, pp. 363-415.


TORRES, Cláudio., MACIAS, Santiago. O legado islâmico em Portugal. Lisboa: Círculo de Leitores, 1998.


VIGUERA Jesus., CASTILLO Concepcion (ed.) Al-Andalus Y el Mediterraneo. Barcelona: Lunweg Ediciones, 1995.


Do Estreito ao Ociendte do Al-Andalus. Itenerário Cultural dos Almoravidas e Almóadas. Junta de Andalucia, 2010.