Professor da UÉvora é editor de volume especial da revista NeoBiota
Pedro Anastácio, Professor da Escola de Ciências e Tecnologia (ECT) da UÉvora, e investigador do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente ( MARE) - UÉvora, coordena edição de um volume especial da revista de acesso aberto NeoBiota, recentemente publicado com o tema "Invasions in Aquatic Systems" (Invasões em sistemas aquáticos), com enfoque nas invasões biológicas em ecossistemas de água doce, estuarinos e marinhos, e com o objetivo de apresentar os resultados das últimas pesquisas neste campo em rápida evolução.
À Divisão de Comunicação da UÉvora, Pedro Anastácio, primeiro editor, referiu a relevância deste tema nos dias de hoje. "Alguns dos problemas mundiais mais graves relacionados com espécies exóticas invasoras, são justamente com invasoras aquáticas", revelou o Professor, antes de enumerar alguns exemplos: "O mosquito-tigre-asiático (Aedes albopictus) está em expansão e é transmissor de várias doenças como chikungunya, dengue e Zika. A presença do mexilhão-zebra (Dreissena polymorpha) foi reportada no Alentejo em 2019 pela EDIA, com a colaboração da nossa equipa da Universidade de Évora. Esta espécie inutiliza sistemas de transporte e armazenamento de água e causou dezenas de milhões de euros de prejuízos só em Espanha. O último exemplo é o siluro (Silurus glanis) que é um peixe invasor que pode ultrapassar dois metros de comprimento e que é um predador voraz de tudo o que encontra nos rios onde foi introduzido, como por exemplo o Tejo."
Composta por 23 artigos organizados em cinco temas: Respostas a Stress Ambiental, Interações Ecológicas e Impactes de Invasões, Ferramentas de Deteção e Monitorização, Gestão e Políticas e Sínteses Globais e Regionais, a edição apresenta principalmente artigos apresentados na Conferência Neobiota, realizada em Lisboa em setembro do ano passado, e procura aprofundar a compreensão sobre a dinâmica das espécies invasoras, os seus impactos ecológicos e estratégias eficazes de gestão em ambientes aquáticos. Entre estes artigos há alguns "particularmente marcantes", como Pedro Anastácio nos diz. "Como por exemplo uma revisão feita por dezenas de cientistas sobre plantas invasoras aquáticas em todo o planeta", referiu.
Pedro Anastácio falou também um pouco sobre este papel de editor e como nasceu esta ideia. "Neste volume especial havia 3 editores: Eu, o Filipe Ribeiro e a Paula Chaínho. Este trio coordena o BIG – Biological Invasions Group do MARE, e organizou o Congresso internacional Neobiota 2024 que trouxe a Portugal cerca de 450 cientistas e técnicos ligados às Invasões Biológicas, provenientes de 45 países. Nesse congresso, devido à enorme quantidade de trabalhos de elevada qualidade sobre invasões no meio aquático, que foi a maior de sempre, nasceu a ideia de um volume especial da NeoBiota dedicado a este tema. Cada submissão ao volume especial tinha um editor entre os três e era eu que coordenava quem ficava responsável por cada artigo. Era também eu quem tinha a responsabilidade de ir comunicando com a empresa editora da revista (Pensoft) sobre questões práticas, como por exemplo sobre cumprimento de prazos, estrutura do volume e mesmo sobre aspetos gráficos relacionados com o volume", afirmou, antes de específica o que cada editor faz: "Aquilo que cada editor faz numa revista científica é decidir se o artigo se enquadra no tema da revista e se tem qualidade para seguir para revisão pelos pares. Em caso afirmativo terá de convidar revisores para cada artigo e avaliar as revisões tomando decisões sobre aceitação ou rejeição e fazendo recomendações de melhoria. Este é um trabalho realmente pesado porque há muitas indisponibilidades por parte dos revisores e porque por vezes é preciso muitas rondas de revisão até chegar ao produto final."