Universidade de Évora celebra 50 anos do 25 de Abril com mesa redonda e concerto "Tocando José Afonso"
No dia 24 de setembro, a Universidade de Évora promoveu uma mesa redonda comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril, com o tema "Arautos da Liberdade". O evento teve lugar na Sala dos Docentes do Colégio do Espírito Santo, pelas 14h30, e contou com a participação de personalidades de renome ligadas à música e à memória da revolução. A Reitora da Universidade de Évora, Hermínia Vasconcelos Vilar, destacou, na sessão de abertura, a importância da "Revolução dos Cravos", sublinhando o impacto transformador que o 25 de Abril teve no sistema de ensino superior e na construção de uma sociedade mais justa e democrática.
Hermínia Vasconcelos Vilar recordou que a Universidade de Évora, tal como outras instituições de ensino superior em Portugal, é um fruto direto das reformas que, ainda que iniciadas antes da revolução, foram determinantes para a sua evolução. "Essa conquista de Abril marca a nossa realidade enquanto país", afirmou, destacando que o alargamento do sistema de ensino abriu portas a novos grupos sociais e democratizou o acesso à educação superior. A Reitora fez questão de lembrar que "dar as mesmas oportunidades a todos" continua a ser um desafio atual, e alertou para os sinais preocupantes que, a nível nacional e internacional, questionam conquistas que antes pareciam inabaláveis.
Para além da música, a reflexão sobre o impacto cultural e social do 25 de Abril foi um dos principais pontos de destaque da intervenção da Reitora. Hermínia Vasconcelos realçou como a música foi um "elemento disruptivo" no período pós-revolucionário, marcando profundamente o crescimento cultural do país. "A explosão musical que se viveu após a revolução foi disruptiva, marcando profundamente o crescimento cultural e emocional do país", declarou, reforçando a importância de preservar a memória dessas conquistas.
Ana Telles, Vice-Reitora para a Cultura e Comunidade da UÉ, professora e musicóloga, também enfatizou a necessidade de manter viva a memória do 25 de Abril, especialmente junto das novas gerações. Para Ana Telles, garantir que as conquistas da democracia e da liberdade sejam compreendidas e valorizadas é uma responsabilidade coletiva, e a música continua a ser um poderoso meio de transmissão dessas memórias.
O evento contou com a participação de Luísa Amaro, a primeira guitarrista profissional de guitarra portuguesa, Carlos Alberto Moniz e Francisco Fanhais, ambos músicos e colaboradores de José Afonso, e de Manuel Pedro Ferreira, professor catedrático responsável pelo espólio de José Mário Branco. A mesa redonda foi moderada por Pedro Russo Moreira, professor do Departamento de Música da Escola de Artes da Universidade de Évora, e cada convidado foi convidado a evocar histórias e memórias sobre o 25 de Abril a partir de uma canção à sua escolha.
No mesmo dia, pelas 18h30, teve lugar o concerto "Tocando José Afonso", pelo Rumos Ensemble e Carlos Alberto Moniz, no auditório Christopher Bochmann, no Colégio Mateus d'Aranda. O concerto foi uma homenagem a José Afonso, uma das vozes mais icônicas da revolução, e inseriu-se nas comemorações culturais da universidade, celebrando o papel fundamental que a música desempenhou na luta pela liberdade e na resistência ao regime autoritário.
O evento foi uma celebração não só da revolução, mas também do papel vital que a cultura, a educação e a música desempenham na construção de uma sociedade mais justa e democrática.