UÉ comemora 50 anos de abril

A Sala dos Docentes do Colégio do Espírito Santo fez confluir, no dia 24 de abril de 2024, as vozes de três personalidades que, em diferentes zonas geográficas no 25 de abril de 1974, muito têm a contar não apenas sobre a Revolução dos Cravos, mas também sobre as profundas transformações sociais nos últimos 50 anos. Moderada por Maria de Fátima Nunes, Diretora do Instituto de História Contemporânea-UÉ, a mesa redonda intitulada “Nos 50 anos do 25 Abril: perspetivas situadas de quem fez e acompanhou a Revolução” foi partilhada por José Luís Cardoso, Luís Varela e o Celestino David, três figuras que, como explicou a moderadora, “vivenciaram os acontecimentos há 50 anos, em diferentes locais e em diferentes posições de vivência e de ação”.

Nas palavras de Hermínia Vasconcelos Vilar, que deu início à sessão comemorativa, “Esta é uma singela forma que encontrámos de homenagear o 25 de abril.” No pulular de eventos comemorativos que se sucedem nos últimos dias, “sente-se a necessidade de comemorar estes 50 anos por gerações que, se me permitem uma nota pessoal, o fazem com um duplo sentimento: por um lado, de comemoração e de festa, uma data que termina um regime ditatorial e que abre, na verdade, uma nova fase do nosso desenvolvimento. Vale a pena lembrar que no 25 de abril tínhamos cerca de 5600 estudantes universitários; em 2022, eram 440 000. Só isto é representativo daquilo que falamos. Tínhamos presos políticos e censura relativamente ao que podíamos ler, dizer e na verdade, quase pensar. O outro é o sentimento é o de pensar porque é que existe hoje uma juventude que não vê com maus olhos a existência de regimes autocráticos e que nos leva a questionar o que aconteceu para que um número significativo da nossa população pense assim?”

Já Ana Telles, Vice-Reitora para a Cultura e Comunidade, fez questão de reforçar “esta comemoração interliga-se muito estreitamente com os 50 anos da refundação da Universidade de Évora, enquanto Instituto Universitário de Évora, porque provavelmente a Universidade de Évora não estaria aqui hoje tal como é, se não tivesse existido a Revolução. Esta mesa redonda centra-se nos fazedores da Revolução, do ponto vista militar e civil, do ponto vista da cultura, do ponto de vista do movimento cívico.” Seguem-se mais dois momentos comemorativos durante a tarde: um concerto comentado, no Colégio Mateus D’Aranda e a exposição “Mostra (queixa) das almas jovens (não) censuradas, na Biblioteca do CES.

Ao abrir o exercício de reflexão, Maria de Fátima Nunes esclareceu que a ideia desta conversa foi relembrar a memória do 25 de abril por protagonistas do 25 de abril, apresentando José Luís Cardoso, Luís Varela e Celestino David, considerando-os “personalidades que nos permitem transpor um acontecimento local/nacional com uma projeção global”.

A sessão está disponível na integra aqui.

Publicado em 24.04.2024