25 de abril em análise nas Jornadas do Departamento de Economia da UÉ

No ano em que se assinala meio século da Revolução de 25 de abril de 1974, um dos momentos mais altos da História de Portugal que marca a concretização de uma vontade coletiva que pôs fim a 48 anos de ditadura fascista, o Departamento de Economia da Universidade de Évora dedicou as suas jornadas anuais, que tiveram lugar no dia 4 de abril, à reflexão sobre este marco histórico, com incidência em três aspetos: Descolonização, Democratização e Desenvolvimento.

“Refletindo sobre o passado, construindo o futuro”, foi o mote definido para as Jornadas do Departamento de Economia que pretenderam entrelaçar as componentes política, académica e militar presentes na Revolução do 25 de Abril. Para Hermínia Vasconcelos Vilar, Reitora da Universidade de Évora, “é de realçar a temática escolhida pelo Departamento de Economia e mais por se focar no período que sucede ao 25 de abril, com a descolonização que nem sempre foi um fenómeno pacífico. Aliás, o relato histórico acerca deste marco não é ideologicamente imparcial e importa analisar como os processos de democratização e de desenvolvimento se articulam neste período que vem depois do 25 de Abril”. Gertrudes Guerreiro, Presidente do Conselho Pedagógico da Escola de Ciências Sociais da UÉ, destaca a importância deste tema “salientando o facto de o departamento ir mais longe e proporcionar esta reflexão que também visa perspetivar o futuro num momento de partilha entre as diferentes gerações que se juntam aqui ao longo deste dia. É também momento de recordar que a participação nos órgãos de poder e de escolha é de todos, celebrar a democracia implica reconhecer a importância da nossa participação na decisão e na escolha, algo que os nossos estudantes não devem esquecer”. Para Elsa Vaz, Diretora do Departamento de Economia da UÉ, “este é o momento ideal para ouvir os estudantes, conhecer as suas perspetivas atuais e reconhecer o seu papel enquanto decisores importantes. A nossa sociedade está a mudar, é por isso relevante saber se os valores e os desejos que existiam há 50 anos atrás se mantêm ou de que forma mudaram. A participação dos estudantes nestas jornadas é fundamental”.

Desta forma, também os estudantes do departamento contribuíram para o debate em torno desta temática, num total de 4 sessões paralelas que envolveram a participação de 32 estudantes que apresentaram 13 trabalhos desenvolvidos com base na descolonização, democratização e desenvolvimento. No decorrer desta iniciativa, também dez estudantes da Universidade de Évora foram reconhecidos com o Prémio de Mérito Académico que visa destacar o mérito académico dos estudantes dos cursos do Departamento de Economia no ano letivo anterior às Jornadas do Departamento de Economia, com os 60 ECTS anuais concluídos, no 1º, 2º e 3º anos do 1º ciclo e aos estudantes do 1º ano do 2º ciclo dos cursos cuja área científica predominante é Economia ou Teoria Jurídico-Política e Relações Internacionais, com o intuito de incentivar a respetiva dedicação no percurso académico. Assim, João Serrano, Gonçalo Ludovico, David Monteiro (da Licenciatura em Economia), Clara dos Santos, André Neto, Ana Marques (da Licenciatura em Relações internacionais), Beatriz Sebastião (do Mestrado em Economia), Tomás de Paiva (do Mestrado em Relações internacionais e Estudos Europeus), Cristiana da Mata (Mestrado em Políticas Públicas e Projetos) e Edney Frota (do Mestrado em Economia e Gestão Aplicadas), foram os estudantes destacados nas Jornadas do Departamento de Economia deste ano.

Destacam-se ainda os contributos do corpo docente do Departamento de Economia da Universidade de Évora que, num momento de reflexão e análise, procedeu à partilha das vivências e os projetos de investigação desenvolvidos.

Na mesa-redonda moderada por Conceição Rego, docente do Departamento de Economia da UÉ, onde se discutiram diferentes perspetivas do 25 de Abril, António Rosado da Luz, Coronel de Artilharia do Exército Português, partilhou memórias que experienciou, recordando a Operação «viragem histórica» e o processo de ocupação militar dos meios de comunicação social que tanto contribuiu para envolver a comunidade da ação que derrubou a ditadura do Estado Novo. Também Carlos Pinto de Sá, Presidente da Câmara Municipal de Évora, refletiu acerca deste marco histórico, relacionando-o com a economia, “qualquer regime político tem uma base económica a sustentá-lo, o que nos leva a questionar o que sustentava o fascismo. Uma elite que dominava a economia e as terras, o que afetava a distribuição do rendimento e da riqueza. Mas não podemos esquecer que o Fascismo também significava guerra, mais de 30 mil jovens portugueses ficaram afetados pela guerra”. “Antes do 25 de Abril o poder local era nomeado a partir de Lisboa e não tinha autonomia, regulava-se apenas pelo poder central. Os poderes locais fascistas são destruídos apenas quando o povo sai à rua e ocupa as câmaras municipais e participa na mudança. Devemos recordar sempre a importância da participação população na criação da democracia”, salientou.

Publicado em 10.04.2024