Universidade de Évora acolhe 11.ª edição do CNaPPES e reforça compromisso com a excelência pedagógica no Ensino Superior
A Universidade de Évora acolheu, nos dias 10 e 11 de julho, a 11.ª edição do Congresso Nacional de Práticas Pedagógicas no Ensino Superior (CNaPPES), iniciativa que se afirma, desde 2014, como um espaço de encontro, partilha e reflexão crítica entre docentes e investigadores comprometidos com a inovação no ensino universitário e politécnico. O evento, que decorreu no Colégio do Espírito Santo, reuniu 191 participantes e contou com a apresentação de 121 comunicações, testemunhando a crescente atenção dedicada à qualidade, ao rigor e à transformação pedagógica no ensino superior português.
Criado em 2014, o CNaPPES consolidou-se como um espaço privilegiado de partilha, reflexão e construção coletiva sobre práticas pedagógicas no ensino universitário e politécnico, público e privado, congregando docentes e investigadores de todas as regiões e áreas científicas. Na sessão de abertura Hermínia Vasconcelos Vilar, Reitora da Universidade de Évora, sublinhou que “há vinte anos, refletir sobre as práticas pedagógicas no Ensino Superior era quase impensável; não se discutiam metodologias de ensino nem formas de aprendizagem, mas os desafios atuais exigem uma mudança de paradigma” . Para a Reitora da Universidade de Évora “Não existe uma resposta fácil para a questão ‘o que é ser professor?’. As gerações mudaram, os contextos transformaram-se, e as exigências colocadas à docência passam, por exemplo, pela integração da inteligência artificial nas práticas educativas. O ensino está a mudar e temos de pensar, juntos, as respostas. Este congresso é precisamente um espaço para isso”, sublinhou Hermínia Vasconcelos Vilar.
Desde a sua criação, o CNaPPES percorreu várias cidades do país, de norte a sul, tendo passado por instituições no Porto, Leiria, Lisboa, Setúbal, Braga, Santarém, Aveiro, Coimbra e Faro. Em 2025, a Universidade de Évora acolheu o evento com “entusiasmo e sentido de compromisso”, como afirmou Ana Paula Canavarro, Vice-Reitora para a Educação e Inovação Pedagógica da UÉvora. “Este encontro tem permitido apresentar, questionar, refletir e aprender entre e com os pares, promovendo uma reflexão conjunta entre docentes e investigadores sobre práticas pedagógicas. A edição deste ano alargou essa reflexão a temas emergentes como o uso pedagógico da inteligência artificial ou a educação para a inclusão. Simultaneamente, abriu espaço à partilha de experiências no âmbito dos projetos financiados pelo PRR, como os centros transversais de apoio à aprendizagem e ao ensino.” Para a Vice-Reitora, “o essencial é que a inovação pedagógica tenha impacto positivo e duradouro nas aprendizagens dos nossos estudantes.”
A ocasião contou ainda com a presença de Cláudia Sarrico, Secretária de Estado do Ensino Superior, que destacou que “a pedagogia tem um impacto direto no sucesso académico e no bem-estar dos estudantes”. Referindo que o número de estudantes no ensino superior atingiu um novo máximo em 2023/24, alertou que “os dados mostram que cerca de 11% dos estudantes de licenciatura abandonam o sistema após o primeiro ano, por razões sociais, pessoais, mas também pedagógicas e académicas”. Sublinhou, por isso, a importância de práticas pedagógicas inovadoras e da articulação entre ensino, apoio social e bem-estar: “a igualdade de oportunidades no ensino superior exige uma visão integrada — só assim conseguimos garantir acesso com sucesso.”
Entre os destaques do programa esteve a sessão plenária "Creating strategies for student success: provocations to partnerships", orientada por Luke Millard, da Abertay University (Escócia), considerada a universidade moderna com maior satisfação estudantil no país. A sessão abordou exemplos práticos de inovação pedagógica em Portugal e no estrangeiro, com enfoque no caso da Abertay Learning Enhancement (AbLE) Academy. Luke Millard desafiou os participantes a pensar na sustentabilidade dos projetos pedagógicos para além dos apoios financeiros, sublinhando que “se não conseguirmos convencer as pessoas que trabalham connosco, nas nossas instituições, como conseguiremos persuadir os restantes?”. Defendeu, ainda, a importância de estratégias internas de comunicação para garantir a excelência e o reconhecimento institucional do trabalho desenvolvido. De referir que um dos pilares da AbLE é envolver os estudantes como parceiros no design curricular. Vários projetos liderados por Luke Millard promovem a co-criação e liderança estudantil na aprendizagem. Exemplo de uma ferramenta diagnóstica é a Abertay Discovery Tool, obrigatória no 1º ano para avaliar competências e identificar áreas de desenvolvimento que revelou ter impacto na melhoria da autoconsciência do estudante e dados orientadores para os programas de estudo.
Nos dias que antecederam o CNaPPES, teve lugar em Évora uma reunião do Conselho Nacional para a Inovação Pedagógica no Ensino Superior (CNIPES), mais uma oportunidade para refletir e promover a inovação pedagógica para docentes do Ensino Superior e instância que reforçou a articulação entre políticas públicas e práticas docentes.
A realização do CNaPPES 2025 na Universidade de Évora reafirma o alinhamento da academia com os objetivos nacionais e europeus para a educação, reforçando o papel central dos docentes na transformação do ensino superior. Ao fomentar a partilha entre pares, a discussão crítica e o compromisso com o sucesso dos estudantes, o congresso continua a ser um ponto de encontro essencial para a construção de um sistema de ensino mais inclusivo, inovador e centrado na aprendizagem.