Ciclo «Artes não é comigo!» reforça diálogo entre a Universidade de Évora e a comunidade através da arte
O ciclo “Artes não é comigo!” voltou a reunir estudantes, docentes e público interessado numa nova sessão dedicada à aproximação entre a arte e a comunidade, que decorreu esta terça-feira, 28 de outubro de 2025, na Sala 124 do Colégio do Espírito Santo. Promovido por Ana Telles, Vice-Reitoria para a Cultura e Comunidade da Universidade de Évora, este conjunto de minicursos mensais de apreciação artística tem como objetivo — assumidamente provocatório — demonstrar que as Artes, a Arquitetura e o Design não são apenas para iniciados, mas podem (e devem!) estar ao alcance de todos e todas.
Nesta segunda sessão, intitulada “Artes é com toda a gente!”, o convidado foi José Alberto Gomes Machado, Professor Catedrático Emérito da Universidade de Évora, que orientou o encontro partilhando reflexões sobre o papel da arte na vida humana e na própria identidade da instituição. Ao longo da sessão, José Alberto Machado convidou os participantes a refletir criticamente sobre a forma como percecionam e se relacionam com a arte, desafiando-os a desconstruir ideias feitas e a reconhecer o potencial transformador da criação artística no quotidiano. Num diálogo aberto e estimulante, o professor incentivou a pensar a arte não apenas como objeto de contemplação, mas como prática viva que atravessa o pensamento, a emoção e a vida em comunidade.
Para Ana Telles, Vice-Reitora para a Cultura e Comunidade, o ciclo pretende precisamente desconstruir a ideia de que as artes são distantes ou elitistas. “‘Artes não é comigo’ é uma frase que muita gente diz, mas com este ciclo queremos mostrar que as artes e a cultura podem e devem ser para todos nós. Estes minicursos de apreciação artística são uma forma de abrir portas e aproximar a Universidade da comunidade.”
Durante a sessão, José Alberto Machado destacou a ligação intrínseca entre o ser humano e a criação artística, sublinhando a importância de olhar para a arte como expressão universal e essencial à existência. “Durante 40 anos dei aulas de História da Arte na Universidade de Évora, uma casa com uma qualidade estética, visual e arquitetónica que faz do trabalho um prazer. Ainda não se conheceu na história um conglomerado de pessoas que não tenha produzido arte, em qualquer que fosse a sua forma.”
O professor evocou ainda as ideias de Aristóteles e Platão para refletir sobre a relação entre amor, conhecimento, beleza e bem. “A ideia de que ‘quanto mais se ama, mais se quer conhecer’ aplica-se também à nossa relação com a arte. O simples gesto de ouvir música é já um reconhecimento pela harmonia dessa arte. E não falamos apenas de consumir arte, mas também de quem tem a capacidade de a produzir — de como personalizamos os espaços que habitamos e os tornamos nossos.”
A próxima sessão do ciclo “Artes não é comigo!” está já em preparação e promete continuar a desafiar o público a descobrir novas formas de ver, sentir e compreender a arte no quotidiano.
