Reitora da UÉ nos Diálogos Ibéricos. José Saramago: Um minuto, um século

A Cátedra de Estudos Ibéricos da Universidade de Évora organizou, em articulação com a Universidad de Extremadura, o curso “Diálogos Ibéricos. José Saramago: Um minuto, um século”, que decorreu entre os dias 27 e 29 de junho, no Mosteiro de Yuste, mosteiro e palácio medieval situado no noroeste da Estremadura espanhola.

Na sessão inaugural marcou presença Hermínia Vasconcelos Vilar, Reitora da Universidade de Évora (UÉ), que lembrou que a geração no início da adolescência aquando da revolução de 25 de abril de 1974 lia, nos anos subsequentes, a obra do escritor, não por se tratar de leitura obrigatória nos programas de ensino “mas porque era marcante e inovadora”. José Saramago é “um autor marcante em Portugal”, considera.

Diante de uma plateia de investigadores que se dedicam aos estudos sobre a influência do escritor na cultura e no pensamento de Espanha, Portugal e países latino-americanos e africanos, Hermínia Vasconcelos Vilar destacou que a obra de Saramago “recorda-nos essa vivência ibérica, que estes Diálogos Ibéricos reiteram e reafirmam”.

No final da sua intervenção, Hermínia Vasconcelos Vilar recordou ainda que Universidade de Évora, “pela sua posição muito próxima da fronteira com Espanha carreia obrigatoriamente essa ligação entre Portugal e Espanha, ao mesmo tempo que se aproxima de África nas suas ligações e nos seus processos de formação”, aproveitando a ocasião para  elogiar aos organizadores deste curso que visa estreitar as relações em termos linguísticos, literários, culturais e que representam uma oportunidade de desenvolvimento em regiões transfronteiriças como a Extremadura, bem como no âmbito ibero-americano e outras áreas geográficas nas quais o espanhol e o português são línguas veiculares e de comunicação.

Incidindo este ano sobre a figura de José Saramago por ocasião da comemoração do centenário do nascimento do Prémio Nobel português, que foi nomeado membro da Academia Europeia e Ibero-Americana de Yuste em 1998, ocupando a cadeira de Rembrandt, o curso “Diálogos Ibéricos. José Saramago: Um minuto, um século” oferece aos participantes acesso a um retrato fiel e atualizado da presença constante da obra e do legado humano de um homem capaz de oferecer um pensamento visionário e, ao mesmo tempo, apreender à realidade.

No mesmo sentido, Antonio Sáez Delgado, professor do Departamento de Linguística e Literaturas da UÉ e co-organizador deste curso de verão, declarou que este “pretende que de alguma forma se volte a ler Saramago e que se volte a pensar e a refletir Saramago, sobre o seu legado literário, legado social e tentar ver onde, no presente e no mundo em que vivemos, ele sobrevive e podemos encontra-lo". Acrescenta que leu em três ocasiões as narrativa do escritor de “A Jangada de Pedra”: “a primeira, enquanto universitário, em finais dos anos oitenta, por prazer; a segunda, já em português, em meados dos anos noventa, recém-chegado à Universidade de Évora como Leitor de Espanhol, por obrigação moral (eu também sentia que algo na minha vida se havia fendido e que começava a viver num território que jamais me seria alheio); a terceira, curiosamente, o verão passado, no meio de uma planície da Extremadura contígua à fronteira portuguesa, sem saber muito bem porquê, desfrutando como nunca cada palavra”, tal como confidenciou em 2016 para a Revista Blimunda.

Enquadrado no programa oficial das comemorações do centenário do nascimento do Prémio Nobel José Saramago, este curso aborda a figura do grande escritor português sob vários pontos de vista, examinando seu legado da literatura, da sociedade e do transiberismo, e facilitando uma completa e complementar à sua presença pública versátil. Assim, questões como o peso de sua obra literária hoje, sua presença na esfera pública e seu papel na construção do conceito de cidadania, seu compromisso social com os mas desfavorecidos ou sua marca no mundo jornalístico.

Na sessão inaugural de intervieram os diretores do primeiro ano, Antonio Sáez e Miguel Ángel Lama; Rosa Balas, diretora-geral de Ação Externa da Junta de Extremadura; Pilar del Rio presidente da Fundação Saramago; José María Hernández, prefeito de Cuacos de Yuste; Hermínia Vilar, reitora da Universidade de Évora; Juan Carlos Moreno, diretor da Fundação Yuste; e Antonio Hidalgo, reitor da Universidade da Estremadura.

Publicado em 28.06.2022