A pertinência de preparar o Futuro: uma caminhada longa, árdua e necessária

Por Soumodip Sarkar*

A propósito da receção ao Senhor Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, teremos a oportunidade de amanhã, dia 12 de maio, apresentar a estratégia para a Inovação, Empreendedorismo e Transferência de Conhecimento da Universidade de Évora.

Neste evento será dada a conhecer a nossa visão com projetos concretos, havendo lugar ainda para a apresentação da Chancela Spin-off UÉvora e do Portal do Emprego.

Porque este é um tema transversal e de crucial importância, gostaria de convidar todos aqueles que queiram acompanhar o evento que terá lugar no PACT, a fazê-lo via live stream, a partir das 11h45, nas plataformas da Universidade e do GAITEC. 

Fruto dos constrangimentos atuais, e na impossibilidade de ter presencialmente toda a comunidade da Universidade neste evento, dedico-vos as seguintes palavras:

 

É hercúlea a tarefa de mudar paradigmas. Sabemos bem disso, enquanto académicos a trabalhar na fronteira entre o desconhecido e o novo conhecimento, ou entre a luta por financiamento para investigação e a vontade de contribuir para a qualidade das nossas vidas e a de outros. Mas é também sensata a tentativa de o querermos fazer com todas as condições que temos ao nosso alcance. Por mais que não seja, fortalecer o mundo que nos rodeia através do conhecimento é um objetivo indiscutível de uma Universidade.

Existem três grandes missões que se refletem no funcionamento das Instituições de Ensino Superior. O Ensino e a Investigação, associadas às competências teóricas e práticas que se podem aplicar a desafios diversos, produzem valores bem conhecidos de todos. E estes podem ser potenciados por uma terceira missão: a da extensão e interação com a sociedade.

De facto, as Universidades devem ter no seu ADN a participação ativa e efetiva no desenvolvimento cultural e socioeconómico das pessoas, do território em que se inserem, e potenciando a inclusão e a justiça social.  

Se olharmos a fundo para esta questão, perceberemos que esta terceira missão depende maioritariamente de uma ação, e que esta pode ser promovida de múltiplas formas: a chamada Transferência de Conhecimento. Mas, por exigir que a torre de marfim passe a ser construída por pontes de cooperação, a sua implementação tem sido lenta e olhada, muitas vezes, com desconfiança e receio. Entendo que algo mais recente origine alguma inércia, mas percebamos o que poderemos conseguir com esta estratégia: mais e melhores carreiras para os nossos estudantes e investigadores, uma cooperação com a indústria que beneficia o Ensino e a Investigação, e uma força catalisadora para que o conhecimento esteja ao dispor de todos.

Uma das abordagens possíveis para esta Transferência de Conhecimento é a criação de spin-offs. De Norte a Sul do país, várias são as Universidades Portuguesas que têm investido nesta matéria, algumas em associações com Parques de Ciência e Tecnologia. Por isso não será de estranhar o crescente número de novas empresas associadas ao contexto universitário que têm surgido em Portugal ao longo dos últimos anos. No caso da Universidade de Évora, e apesar de se verificarem números positivos, são escassos e muito esporádicos estes casos. É, por isso mesmo, urgente mudar este panorama, garantindo que o conhecimento não seja perdido ou que fique aquém do seu potencial. É imperativo que a criação de novas empresas universitárias seja mais consistente, e que o seu número aumente de forma mais regular.

Amanhã, dia em que teremos o prazer de receber o atual Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, abro as portas para aquela que é a visão para o futuro da Inovação e Empreendedorismo da nossa casa. De um conjunto de ideias, formalizou-se uma estratégia de implementação para permitir que a Universidade de Évora fosse mais propícia ao diálogo com a sociedade, através da promoção contínua do seu conhecimento. E é na operacionalização desta implementação que nos encontramos atualmente.

Estamos muito orgulhosos por poder apresentar os pilares que orientam esta estratégia: a remodelação da Casa Cordovil, um espaço aberto aos cidadãos que queiram estar em contacto com o empreendedorismo universitário e com um museu inteiramente dedicado à Inovação; a Plataforma de Transferência de Conhecimento, para mapear o conhecimento produzido na Universidade de Évora; o desenvolvimento de um Sistema Integrado de Monitorização da Inovação, para incrementar a eficácia do scouting e a identificação de talento; a Jornada do Empreendedor, que promoverá a capacitação extracurricular de todos os membros da nossa comunidade, através de bootcamps feitos à medida e de oportunidades de formação nacionais e internacionais; e a Chancela Spin-off UÉvora, marca que servirá de indicador de casos de sucesso, e cujo regulamento fortifica a posição da nossa instituição nesta área.

O futuro não começa amanhã. Começou desde o momento em que percebemos que a terceira missão não pode ser ignorada. Longa, árdua, mas altamente necessária, esta caminhada faz-se com a confiança de que existimos para retribuir o valor que a Humanidade nos dá todos os dias.

 

* Soumodip Sarkar, Vice-Reitor para o Empreendedorismo e Inovação da Universidade de Évora

Publicado em 11.05.2021