Doutoramentos Honoris Causa

Malangatana Valente Ngwenya (1936-2011)

Malangatana Valente Ngwenya
2010/11/02
Patrono: Marcelo Rebelo de Sousa

Malangatana Valente Ngwenya é um pintor moçambicano que, ao longo da vida, se tem distinguido pela denúncia da opressão, da defesa da liberdade e na promoção do desenvolvimento social e cultural das populações.

Muito ligado à mãe, cresceu a apreciar o desenho e as cores com que esta decorava cabaças ou bordava cintos de missangas.

O seu talento artístico foi reconhecido, tendo sido encorajado a estudar arte na Escola Industrial, onde teve como mestre o Arquitecto Garizo do Carmo.

Em 1959 as suas obras foram expostas publicamente e em 1961, com 25 anos, organiza a sua primeira exposição individual, no Banco Nacional Ultramarino.

Em 1971 obteve uma bolsa da Fundação Gulbenkian que lhe permitiu estudar gravura e cerâmica. Conseguindo vencer a oposição da PIDE, trabalhou em gravura na “Gravura – Sociedade Cooperativa dos Gravadores Portugueses” e em cerâmica, na Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego.

Com a independência de Moçambique, Malangatana envolve-se directamente na actividade política (foi eleito deputado em 1990 nas listas da FRELIMO; foi eleito em 1998 para a Assembleia Municipal de Maputo e reeleito em 2003), participa em acções de mobilização e alfabetização e, a partir de 1978, na organização das aldeias comunais na Província de Nampula. Foi um dos fundadores do “Movimento Moçambicano para a Paz”. Em 1984, integra os "Artistas do Mundo contra o Apartheid", expondo em diversas cidades da Europa.

Muito ligado a crianças, tem colaborado intensamente com a UNICEF e durante alguns anos fez funcionar a escolinha de bairro dominical "Vamos Brincar".

Impulsionador, no passado, de um projecto cultural para a sua terra natal, Matalana, retomou-o, logo que a guerra terminou, criando-se assim a Associação do Centro Cultural de Matalana, de cujo grupo fundador Malangatana faz parte, sendo actualmente presidente da Direcção. Esta Associação visa o desenvolvimento integrado das populações em torno da qualificação profissional, da criação de auto-emprego, juntamente com o trabalho artístico, etno-antropológico e ecológico.

Na cidade do Barreiro, tem um monumento escultórico em mármore denominado “Paz e Amizade”, composto por doze painéis de mármore branco, de diferentes dimensões. Tem murais pintados ou gravados em cimento em vários pontos de Maputo (Mural do Museu de História Natural e Mural do Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane, entre outros). A sua obra, para além dos murais, é composta por Pintura, Desenho, Aguarela, Gravura, Cerâmica, Tapeçaria, Escultura e encontra-se em vários museus e galerias públicas, bem como em colecções privadas, espalhadas por inúmeras partes do Mundo.